Editorial
Sinais de retomada
Não é de hoje que o Estaleiro Rio Grande vem dando sinais de recuperação de suas atividades após longos sete anos de crise provocada a partir dos desdobramentos da Operação Lava Jato. Se as investigações tiveram como ponto positivo revelar uma série de casos de corrupção e relações espúrias entre poder público e empresas, por outro é inegável que resultaram também em um desmanche no setor naval brasileiro. Fato é que uma das maiores estruturas voltadas a esta indústria tem novamente contado com movimentação de embarcações no dique seco e, principalmente, gerado empregos e contribuído com a economia local.
Ainda muito distante do que um dia já foi o Polo Naval, que em seu auge teve mais de 5,5 mil trabalhadores atuando na construção de plataformas e navios voltados à exploração de petróleo, o complexo rio-grandino hoje vive uma fase de reconstrução passo a passo. E um deles foi iniciado nos últimos dias, com três navios atracando na estrutura administrada pelo Grupo Ecovix para passarem por reformas e melhorias estruturais. Durante cerca de 20 dias, este petroleiro argentino e dois pesqueiros chineses permanecerão em Rio Grande recebendo os reparos que demandam uma mão de obra geradora de 150 novos empregos.
É pouco? Sem dúvida. Contudo, é a continuidade de um processo iniciado ainda no final de agosto de 2021, quando chegou ao estaleiro o navio Siem Helix I, que explora petróleo na Bacia de Campos, e que igualmente utilizou da estrutura no sul do Estado para reformas. Meses depois, outros também passaram por semelhante cuidado em Rio Grande.
Agora, para além de buscar estas intervenções, a Ecovix vislumbra contratos maiores, uma vez que sua recuperação judicial homologada em março está em pleno andamento, permitindo firmar contratos e participar de concorrências. Otimista com relação a uma retomada da indústria naval nacional, assim como outras empresas do setor, o grupo pretende atuar no desmantelamento de plataformas e, ainda, figurar dentre as empresas que podem vir a fazer parte dos planos da Petrobras de, no médio prazo, investir quase dez bilhões de dólares na construção de 26 novas plataformas de exploração. Ainda que a fatia de conteúdo nacional nestes empreendimentos seja reduzida (entre 30% e 40%), ainda assim trata-se de fatia generosa de recursos capazes de reavivar de vez o Polo Naval da Zona Sul do Estado.
Há um ano e meio, quando os primeiros navios voltavam a movimentar o dique seco, indicando o ressurgimento das contratações e obras, este Editorial alertava que mais importante do que o tamanho dos investimentos imediatos era que a retomada não fosse fogo de palha. Ao menos por enquanto, parece sólida. E dá indícios de que em pode ter um salto maior, muito aguardado pela região.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário