João Neutzling Jr.

O boom do agronegócio

João Neutzling Jr.
Economista, bacharel em Direito, mestre em Educação, doutorando em Sociologia, auditor estadual, professor e pesquisador
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A vocação agrícola do País já foi apontada desde a carta de Pero Vaz de Caminha no século 16. Ao longo da história, os colonizadores foram deslocando a fronteira agrícola para o oeste ocupando território e gerando produção para atender à demanda crescente decorrente do incremento populacional.

O PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio alcançou participação de 27% no PIB brasileiro ano passado, sendo que o PIB do agro já superou a marca de R$ 2 trilhões ao ano. Entre os fatores de sucesso estão a disposição de solos férteis, manejo adequado da lavoura, crédito rural, uso de novas tecnologias e insumos e, principalmente, a criação da Embrapa em 1973. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária tem sido ao longo do tempo uma usina de geração de novas cultivares e tecnologia avançada de produção.

O Brasil é o maior exportador mundial de café, açúcar e cana-de-açúcar, segundo maior produtor de soja do planeta, além de ser o segundo maior exportador de carne bovina e o maior exportador de carne de frango. A tabela abaixo mostra a evolução da produção agrícola nacional.

Produção de grãos no Brasil
Ano Produção (ton.)
1975 38,05
1985 58,14
1995 81,06
2005 114,69
2015 207,77
2022 272,5
Fonte: Conab

De 1975 até 2022 houve um aumento de 615% na produção total de grãos no País.

Um outro elemento chave no desenvolvimento agrícola é o crédito rural ofertado pelo setor bancário, que ano passado chegou ao volume recorde de R$ 319 bilhões, o que fornece ao produtor rural adequado financiamento da lavoura e pecuária. O Banco do Brasil tem sido a instituição líder neste segmento há décadas. Além disso, novos mecanismos de financiamento estão sendo aperfeiçoados como o uso de LCA (Letra de Crédito Agrícola), CPR (Cédula de Produtor Rural), entre outros.

O cooperativismo no setor rural é crescente e tem se mostrado uma forma eficiente de unir produtores reduzindo risco e despesas. O País tem hoje quase 1,1 mil cooperativas do agronegócio com mais de um milhão de cooperados.

Entretanto, um dos problemas do País é a dependência de fertilizantes. O Brasil importa mais de 70% dos fertilizantes usados na produção agrícola nacional, entre eles o famoso NPK ou nitrogênio, potássio e fósforo. Ano passado, o Brasil importou mais de 40 milhões de toneladas do insumo, gastando mais de 15 bilhões de dólares das nossas reservas cambiais.

Outro risco do agronegócio é que as cotações das commodities (produtos do setor primário como soja, milho, algodão, petróleo, etc.) têm seu preço fixado no exterior, na Bolsa de Mercadorias de Chicago (Estados Unidos). Sua história começa ainda no século 19, com a criação da Chicago Board of Trade (CBOT), em 1848, para organizar o mercado de grãos. É a mais antiga e maior bolsa de commodities e futuros do mundo. Ou seja, nossos produtores rurais não são formadores de preço, mas tomadores de preço. Muitas vezes o preço de mercado cai abaixo do custo de produção, inviabilizando a lucratividade. Para isso, os produtores têm que recorrer a mecanismos de seguro, opções e hedge para proteção e diluição do risco.

Apesar do sucesso do agronegócio, o País não pode se olvidar da indústria de bens de consumo e capital e do setor de serviços, que são igualmente relevantes para o processo de desenvolvimento econômico autossustentado

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