Editorial
O pequeno produtor agoniza
No ambiente do agronegócio, é cada vez mais comum ver os produtores e empresários do setor reclamando das dificuldades financeiras. Trabalha-se sempre andando sobre gelo fino, com risco anual de perdas milionárias e até falência. O pior ainda é que muitas vezes toda a produção depende de uma "aposta" em algo que não se tem qualquer controle, os fatores climáticos. Em Pelotas, já são três decretos de emergência por esses fatores só em 2023, indo da seca a enchentes em menos de um semestre.
O pequeno produtor, infelizmente, agoniza ainda mais. Faz poucas semanas que este espaço Editorial falava sobre o sofrimento de quem ainda vive da cultura do pêssego. Ressaltava que uma noite ruim poderia jogar fora o trabalho de um ano inteiro, de uma família inteira, em um setor produtivo que ainda é majoritariamente manual. Foi o que aconteceu no último final de semana: pelo menos metade da safra foi destroçada pelo granizo, como relatado por Luciara Schneid na editoria de Agronegócio do DP de ontem.
Um dia antes, na mesma página, Luciara também trouxe as dores do setor leiteiro, através dos criadores de vacas Jersey, que vêm participando cada vez menos de eventos e sequer irá à Expofeira. O presidente do Núcleo Sul de Criadores de Gado Jersey, Márcio Spallone, contou as dificuldades enfrentadas com os altos custos, baixos valores recebidos e concorrência, considerada por ele desleal, de produtos importados.
As duas culturas são, ou costumavam ser, muito fortes na região e vêm encolhendo de maneira muito clara. O leite, desde o fechamento da Cosulati e a queda das cooperativas e indústria locais, é o que mais chama atenção. O leitor pode fazer um exercício na próxima vez que for ao supermercado ou padaria e ler os rótulos. Não vai encontrar nada de Pelotas. O máximo é alguma cidade da região. Já no pêssego, em que a nossa cidade ainda é a maior produtora, a área vem encolhendo e cada vez mais fica-se sabendo de pessoas que estão desistindo do setor e indo a outras áreas.
Com questões climáticas ou não, é hora de cobrar incentivo para que o pequeno agricultor consiga persistir no campo. É hora de subsídios para produção local, repensar as importações e incentivar a qualificação do que é daqui. É a única saída para culturas não morrerem.
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