Rubens Amador
O último atentado a Hitler
Rubens Amador
Jornalista
"Só um atentado!", cochichavam os que pretendiam salvar a Alemanha do caos total. Muitos generais consideravam a guerra perdida. "Eliminar o führer…" Mas é complicado. Morto Hitler, como fazer para que o povo obedecesse ordens? Havia um coronel, chamado Claus von Stauffenberg, que disse: "Como os generais até agora nada fizeram, os coronéis têm de agir". Esse homem de tipo atlético, decidido, fora gravemente ferido em combate, perdendo o antebraço, a mão direita, o olho esquerdo e os dedos médio e anular da mão esquerda. De pronto escalou-se para levar a bomba, pois segundo ele, não iriam desconfiar de um oficial mutilado. Ele armou-a com um retardo, para permitir-lhe entrar e sair antes da explosão. Atingido o objetivo, a intenção era negociar a paz.
Na véspera, dia 19, von Stauffenberg foi a uma igreja católica orar. Em 20 de julho de 1943, já seguia em direção ao "Covil do Lobo", que ficava em Rastenburg. Uma vez lá, depositou a bomba, deixando a pasta junto a um dos dois largos pés da mesa, tendo o cuidado de deixa-la levemente para fora, próxima do local onde ficava Hitler e, sob a alegação de um telefonema para Berlim, afastou-se. De repente, ouve-se um estrondo enorme. No chão, entre os escombros, jaziam os corpos de certo coronel Brandt (que, com o pé, empurrara a pasta mais para dentro, diminuindo a letalidade do artefato), do general Korten, do general Schmundt e de um estenógrafo. Mas Hitler sobreviveu, apenas com os cabelos queimados, pequenas escoriações e o braço direito com paralisia temporária, além dos tímpanos seriamente afetados.
Enquanto isto, o coronel Stauffenberg chega à barreira para ir ao aeródromo onde um avião o levaria a Berlim para darem provimento ao plano combinado. Mas um sargento o impede de passar, alegando ordens superiores. Stauffenberg pediu o telefone. Por sorte, atendeu um capitão. Sendo superior, bradou no estilo militar ríspido: "Moellendorf, aqui é o coronel Conde von Stauffenberg. É da maior importância que eu chegue ao aeródromo às 13h15min para ir para Berlim. Você tem de mandar o seu sargento aqui deixar-me passar". Stauffenberg passou. A Gestapo e a SS assumiram a situação.
As notícias eram alarmantes. Em reunião, alguns dos envolvidos hesitavam, alegando que a rádio noticiara que Keitel desmentira a morte do führer. Stauffenberg bradou com veemência: "Keitel mente! Eu coloquei a bomba e vi o corpo do führer sendo retirado". (Ele precisava ser firme ante a indecisão de alguns.) A reunião se tornara tumultuada. Altos oficiais, ante as rádios noticiando que Himmler fora nomeado chefe das operações para agir contra os conspiradores, recuaram. Stauffenberg era o mais audacioso. Mas um membro daqueles agitados oficiais que faziam parte dos envolvidos decidiu ser melhor provar sua lealdade à causa nazista e atirou contra Stauffenberg pelas costas. A bala da Mauzer alojou-se no seu único braço válido. Embora perdendo muito sangue, mesmo assim continuou argumentando, apoiado no corpo de seu amigo tenente Haeften. (Nas horas de aprêmio, os canalhas sempre fogem!)
Os "companheiros" da conspiração lembraram-se logo que Stauffenberg era um perigo se, interrogado pelo Serviço de Segurança, viesse entregar a todos. O general Fromm, que trocara de lado, foi cruel. Disse que acabara de convocar um conselho de guerra sumário e que este condenara quatro oficiais à morte: o coronel Mertz, o general Olbricht, o coronel Stauffenberg e o tenente Haeften, todos presentes. Os quatro oficiais foram levados para o pátio do Ministério da Guerra, com Stauffenberg se esvaindo, mas amparado pelo tenente Haeften. Foram colocados contra um muro, caminhões do Exército acenderam seus faróis e, em seguida, foram passados pelas armas, encerrando assim mais um episódio marcante da Segunda Guerra Mundial.
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