Rubens Amador

Os generais da Wehrmacht

Os generais de Hitler não eram homens de partido. Até 1933, eles jamais tinham se envolvido em questões partidárias. O militar alemão que assim procedesse não seria considerado um soldado ético. Esse era o consenso entre a alta oficialidade militar alemã. Pertenciam quase todos eles à mais tradicional escola prussiana e, na mesma proporção, muitos provinham também da alta aristocracia germânica, ostentando o título nobre de Von. Eram militares de escola.

Havia uma forte tradição castrense familiar germânica. Porém, Hitler, com sua invulgar capacidade de intrigar, seduzir, explorar a alma humana - era capaz de forjar até incêndios -, bolou junto com Himmler a "Noite dos Punhais", onde se livrou de inconvenientes companheiros. Chegou a manobrar ao próprio marechal Hindenburg, no fim de sua vida, já velho e doente. Porém o ditador nazista possuía uma personalidade forte e notável capacidade de argumentação e convencimento _ era notável orador _, pois com esta personalidade e mais alguns dotes, conseguiu instilar o partidarismo no Exército já em 1934, entre alguns dos mais graduados oficiais alemães, aos quais chamava, posteriormente, para junto de si no famoso bunker para discussões táticas, estabelecendo com a maioria, entre eles o general Keitel, por quem nutria relações de amizade.

Porém, a maioria dos generais mantinha uma cordial distância do "Führer". Até aqueles dias, os generais alemães foram sempre e apenas militares, tão somente militares. Desprezavam a política e não se deixavam envolver por ela, como já vimos. Ao final, foram poucos os generais de Hitler partidários do Nacional Socialismo com atividades consideradas criminosas a serem condenados no Tribunal de Nüremberg, após a Segunda Guerra: como Jodl e Keitel, que foram enforcados.

Hermannn Göring, comandante da Luftwafe, escapou da forca pelo suicídio com cianeto; o almirante Karl Döenitz foi o único militar de alta patente que não morreu na forca, cumpriu dez anos de prisão em Spandau. Nomeado por Hitler, Heinrich Himmler tornou-se comandante da SS, o qual também livrou-se da forca via suicídio, tal como Goebels, que suicidou-se e à família toda, inclusive filhos pequenos. Esses dois eram "militares" tipo os da nossa Guarda Nacional.

A grande maioria dos oficiais generais alemães, mesmo com a derrota da Alemanha, vencidos e feitos prisioneiros, desfrutaram do respeito dos aliados, dentro dos princípios de Genebra. Se por um lado havia generais que assistiam com complacência e até aprovação a disseminação do Nazismo dentro do Exército, como Von Brauchitsch, Von Reichenau e Dollmann, a maioria opunha-se a essa doutrinação como uma regra ética do Exército. Esses foram apenas militares que lutaram por seu país _ obedecendo ordens _ e fazendo o que acreditavam: defendiam sua Pátria.

A Raposa do Deserto, Rommel, na batalha de El Alamein, desobedeceu ordem expressa de Hitler, "de lutar até o último homem", o que era, do ponto de vista militar, uma insensatez. E Rommel, por sua conta, promoveu uma retirada que até hoje é comentada e estudada nos manuais militares da guerra convencional. Mais tarde, Erwin Rommel tramou contra Hitler (pagando com a vida) no exato momento em que vários generais do Alto Comando perceberam que, no seu desvario, o "Führer" estava levando a Alemanha à destruição e à derrocada. Alguns desses generais têm histórias peculiares, muito peculiares, e é o que pretendo relatar nos meus próximos escritos aqui neste espaço.

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