Lisiani Rotta

Quem é a bandida?

Por Lisiani Rotta
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- Você sabe que mulher adora uma culpa, né? Por que eu comi? Por que eu disse? Por que eu fiz?

- Sei. Só não consigo imaginar esse sentimento em você, Ju.

- É. Eu não cultivo. Viajei o mundo, namorei muito, encarei dois divórcios, pirei a Melina, vivi o céu e o inferno com o Tato e agora curto essa deliciosa loucura com o meu boy gatíssimo. Sou assim. Aceito o que a vida me traz.

- Tinha esquecido o quanto você é rápida.

- Você acha que estou sendo rápida demais?

- Quem sou eu pra achar alguma coisa? Você é uma mulher adulta, independente. Meu lema é “viva e deixe viver”!

- Desde o incidente com a Melina você não me procura. Sei que ela tem razão em me odiar. Mas...

- Melina já superou. Se a amizade dela é importante pra você, com certeza dará um jeito de reconquistá-la.

- Que jeito eu posso dar depois de tudo o que aconteceu?

- Diga a ela o que me disse. Que estava num mau momento, vulnerável e não conseguiu resistir. Ela sabe que não é fácil resistir a um homem como o Tato. Além de lindo e perturbadoramente sedutor, ele é persuasivo. Você estava frágil, abriu a guarda pra o deus grego e o pior aconteceu.

- Sim, ele é muito lindo. Pena que é só isso. E isso sim é perturbador.

- Como assim? Pensei que vocês estavam apaixonados. Enfrentaram o mundo pra ficar juntos.

- Eu estava hipnotizada pelo que via. Não me concentrava no que ouvia. Quando ouvi já era tarde.

- Você não pode estar falando sério. Tato foi só um capricho? Você tem ideia do que a Melina sofreu? Ela é louca por ele até hoje!

- Então ela é realmente louca.

- Tudo bem. Não estou aqui pra julgar ninguém. O que passou, passou. Vamos encarar o caso como uma experiência infeliz.

- Você sabe que eu preciso experimentar, viver algumas situações pra entender determinadas coisas.

- Felizmente eu não preciso experimentar tanto. Algumas coisas eu consigo imaginar. Mas... é o seu jeito. Eu respeito. Siga o seu coração!

- Não é exatamente o meu coração que eu sigo, mas obrigada assim mesmo por me ouvir sem me julgar.

- Não agradeça. Esta sou eu. Você está diante de uma mulher moderna, de mente aberta, livre de preconceitos.

- Juro que, desta vez, pensei que você podia reagir diferente. Afinal, o meu boy gatíssimo é o seu filho.

- Como assim, o seu boy gatíssimo é o meu filho? Do que você está falando? O que tem o meu filho a ver com isso?

- Pensei que você sabia. A cidade não fala em outra coisa. Estamos juntos há três semanas.

- O queeeêêê? Você e o meu menino?

- Menino? Você tá brincando, né? Ele tá me ensinando coisas que eu nem sabia que existia.

- Você podia ter trocado as fraldas dele, sua pervertida!

- Graças a Deus eu não troquei.

- Já brincar com ele você tá adorando, não é, sua bandida?

- Juro que quando ele me abordou eu não o reconheci. A última vez que eu o vi, ele estava no ensino médio!

- Há pouquíssimo tempo, você quer dizer.

- Só me dei conta de que ele era ele, quando já era tarde demais.

- Você não conversa com as suas presas antes de atacar, sua predadora?

- Credo Gi! Que transformação é essa? Onde está a mulher moderna que conversava comigo há pouco?

- Tá aqui. Nocauteada por você. Não satisfeita em cornear uma amiga, você transforma a outra numa sogra. Pior do que isso, na sua sogra. Pra quem tem sede de viver você tá se arriscando muito, sabia? Perdeu a noção do perigo?

- Que isso? Que inversão é essa? Reage como uma louca e a bandida sou eu?​

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