Opinião
Rio Grande: a história comemorando os 287 anos
Por Nery Porto Fabres
Professor
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Fevereiro de 1737, tempo de o forte Jesus, Maria, José surgir ao som de serrotes, martelos, picaretas e ao barulho da cavalgada anunciando mais soldados chegando...vinham de centenas, o ruído se juntava às pás que batiam na terra úmida em busca da lama, as enxadas rusgavam e levantavam a terra, as mulas zurravam tracionando as charretes carregadas para depositar toda a lama, areia e terra com palha na base das paliçadas.
A madeira era arrastada manualmente, outras por cipós erguidas por roldanas, tantas mais trazidas por cavalos treinados e juntas de bois.... soavam relinchados e mugidos sofridos.
As toras vinham do interior das matas que costeavam o canal de acesso à Lagoa dos Patos, outras vinham de balsa da Ilha dos Marinheiros, Ilha da Pólvora, Ilha das cobras e da Quinta, o som das pancadas na mata despertavam a atenção dos bugios... as garças, os biguás, as saracuras, maçaricos, ardeas e quero-queros escureciam o Céu antes azul, com as revoadas em bandos.
Os rasantes dos quero-queros e dos tarãs deixavam registrada a insatisfação da invasão portuguesa naquele pedaço de paraíso. As paredes subiam amarradas por cipós encharcados em barro marrom escuro, cuspidos das margens do canal, e de lama branca extraídas da Lagoa.
A goma da seiva de árvores tombadas descia como sangue das toras, servia de material colante, que grudava a estrutura erguida.... nesta empreitada todos os homens eram iguais, porque na servidão não se distingue os povos, sejam eles portugueses, negros africanos, indígenas nativos.
O forte surgia no meio da mata, à margem direita do canal... Cristóvão Pereira de Abreu, um nobre homem, da alta aristocracia portuguesa, comerciante de gado, homem de grande valor político, sentado em sua caleça confortável de amortecedores que contrabalanceavam sobre as irregularidades do terreno, veículo com cobertura de couro para proteção das intempéries da natureza, no interior havia banco macio, de palha tratada, envolto por couro tingido em preto e costurado à mão, puxada por quatro criaturas equínas, fortes, pretas de longas patas, animais de grande valor comercial.
Observava a construção no posto de coronel, incumbido para supervisionar a obra... em cumprimento das ordens de seu superior, o brigadeiro José da Silva Paes, mantinha a construção dentro do prazo. O alojamento para receber Silva Paes já estava pronto, e o desembarque do mais alto comando aconteceria sem atropelos no cais, do hoje porto-velho de Rio Grande.
Naus da grande esquadra surgiam das águas marítimas apontando no canal, eram tantas que se enfileiravam, estavam abarrotadas de soldados, móveis, utensílios de acampamento, alimentos e de outras tantas mercadorias para projetar o conforto e mimos nos homens portugueses do mais elevado escalão burguês e militar.
Trecho da obra: A história do Rio Grande Sob um olhar descontraído, deste articulista.
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