Opinião
Sob as luzes do Natal
Por Antonio Peixoto
Jornalista
Num passado não muito distante, quando eu ainda era criança, ali pelas décadas de 1980 e começo da década de 1990, meus pais me levavam para um passeio de carro com meu irmão, cuja atração era ver as luzinhas de Natal que enfeitavam fachadas de casas e comércios ao longo da cidade nesta época. Havia até concurso de melhor decoração. O clima era outro em Pelotas. Montávamos a árvore com grande expectativa do Velho Noel deixar presentes. E até produzíamos artesanalmente na escola os enfeites que colocaríamos no pinheirinho. Lembra? A atmosfera era diferente, embora os problemas de hoje como violência e desemprego, também afetassem aquelas famílias na época.
Não éramos nada informatizados, nem conectados em redes sociais pela internet - até porque a rede mundial de computadores nem existia. O telefone e a ainda a carta eram os meios de comunicação interpessoais mais comuns e as pessoas costumavam manter relações presenciais umas com as outras. Saíam de casa. E para encontrar a fachada natalina mais bonita de Pelotas não dava para fuçar na Internet, tinha que procurar e ver com os próprios olhos, como fazíamos, num passeio familiar no Fusca verde encerado da minha mãe.
Essas mudanças das relações sociais e uso tecnológico influenciaram, inclusive, o clima natalino que ganhou outra roupagem, talvez mais comercial, artificial e distante. E as decorações foram sumindo como uma vela acesa apagando pouco a pouco.
Mas quando as luzes começaram a colorir e a iluminar a Praça Coronel Pedro Osório, há alguns anos, foi como se eu revisitasse parte desta memória afetiva e a resgatasse lá da infância. Tenho certeza que aconteceu com muita gente, talvez até com você, ao ver as águas dançantes, ouvir as canções clássicas retumbarem pela praça e ter visto o presépio e o Papai Noel por ali.
Em meio a esta nostalgia, tive uma ideia que admito ter sido ousada: que tal se déssemos um motivo a mais para levar para a Praça muita gente, em meio a essas luzes do Natal Doce Natal? Uma grande feira de artesãs com produtos natalinos, gente que faz coisas belíssimas à mão e que tem pouca visibilidade? Assim nasceu a Primeira Feira Multiarte que só vai acontecer porque encontrei parceiras igualmente corajosas que acreditaram, a Silvia Leão do Grupo Mulheres Empreendedoras e a Helenira Brasil, da Secretaria de Cultura. A partir daí as coisas passaram a acontecer. Nas oito alamedas estarão cerca de 120 expositoras de artesanato e alimentação de vários grupos convidados de Pelotas nos dias 16 e 17, das 17h às 22h. Diversidade não faltará. Em paralelo vai ter samba e até mostra de carros antigos, aqueles do meu tempo de guri. Torço para que um Fusca verde encerado esteja por lá.
Quem quiser viver a feira, pode também ajudar o Natal de quem pouco tem. Estaremos arrecadando brinquedos para entregar presentes em dois bairros no fim do ano. Quem sabe este momento, aclimatado pelas luzes e cores natalinas, não resgate aquela vontade de ajudar o próximo que é uma das razões da data existir? E quem sabe também esse dia não seja recordado por você, seus filhos e netos com grande carinho daqui uns anos? Está feito o convite. Mas já aviso: não vale só conferir pelas redes como as coisas aconteceram. Saia de casa e venha sentir de perto essa magia, sob as luzes do Natal.
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