Eduardo Allgayer Osorio

Sobre o sucesso do agronegócio brasileiro

Eduardo Allgayer Osorio
Engenheiro agrônomo, professor titular da UFPel, aposentado
[email protected]

Visando contextualizar o sucesso do agronegócio brasileiro, reproduzo a seguir o comentário altamente esclarecedor publicado no jornal O Estado de S. Paulo, na data de 20 do corrente mês. Diz ele:

"A safra recorde de mais de 300 milhões de toneladas esperada para o Brasil neste ano evidencia a proporção que o agronegócio tomou dentro da economia brasileira. Entre 2002 e 2022, o PIB agrícola do País saltou de US$ 122 bilhões para US$ 500 bilhões _ o equivalente a uma Argentina. De acordo com o economista José Roberto Mendonça de Barros, o agronegócio brasileiro apresentou um crescimento extraordinário nos últimos 40 anos, com destaque para os últimos 20 anos. Diferentemente do que aconteceu no setor urbano, seja na indústria ou em serviços, o crescimento do agronegócio é persistente e essa é a primeira lição que o agro dá. Crescer sempre é mais importante do que crescer muito em alguns anos e cair nos anos seguintes. É um crescimento sustentável, o que torna o agronegócio bastante competitivo. E esse crescimento está calcado no investimento em pesquisa e nas políticas públicas para o campo, que têm propiciado sucessivos recordes na produção agrícola. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve romper este ano a barreira das 300 milhões de toneladas de grãos, firmando-se como o terceiro maior produtor mundial de cereais, atrás da China e dos Estados Unidos. Em 20 anos, a safra de grãos subiu de 120,2 milhões de toneladas para 310,6 milhões, uma alta de 258%. Já a área plantada passou de 43,7 milhões para 76,7 milhões de hectares, um aumento de 76,5%. Os números mostram que a produção cresceu três vezes mais do que a área ocupada pelas lavouras, o que se deve ao ganho de produtividade, graças a investimentos em pesquisa e tecnologia. O destaque nos campos brasileiros é a soja, oleaginosa que se adaptou aos diversos microclimas do País, sendo cultivada tanto em regiões mais frias do extremo Sul quanto no clima tropical do Norte e do Nordeste. O Brasil ultrapassou os EUA e se tornou o maior produtor do grão, sendo também hoje o principal exportador. Enquanto a safra 2002/03 rendeu 47,4 milhões de toneladas de soja, a atual terá produção de 152,9 milhões, um aumento de 322%. O milho, usado na rotação de culturas com a soja, cresceu 260%, de 47,4 milhões para 123 milhões de toneladas".

Alheio aos fatos acima relatados, como primeira medida adotada em relação ao agro, na reforma ministerial feita o governo federal desestruturou completamente o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), migrando suas funções para três diferentes pastas, que adotam políticas públicas divergentes e até conflitantes, separando em diferentes ministérios a gestão do abastecimento (Conab), do meio ambiente (Cadastro Ambiental Rural), da assistência técnica rural (Anater), da reforma agrária (Incra) e do sistema florestal brasileiro, dividindo em pedaços desencontrados os processos de gestão da atividade, muito exigente que é em políticas públicas coordenadas para continuar bem sucedida.

A antipatia do atual presidente com o agronegócio vem de longe. Desconsiderando uma recente pesquisa de opinião feita com 4.215 brasileiros, onde a grande maioria dos entrevistados (68%) posicionou o agronegócio como um dos setores mais admirados, ainda em campanha eleitoral declarou em rede nacional: "O agronegócio sabe que é fascista", sem considerar que ataques ideológicos reiterados podem prejudicar consistentemente o setor que mais se destaca como sustentáculo de economia nacional.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Estelionato eleitoral ou contabilidade criativa?

Próximo

Por que os banhados queimam?

Deixe seu comentário