Maria Alice Estrella

Solidariedade

Por Maria Alice Estrella
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Pairam no ar suspensos como suspiros, os sentimentos vários que se emanam e se irmanam na cumplicidade que se vive nessa época do ano. Um movimento sincronizado de ternura que se identifica na maioria das pessoas.

Os milagres continuam acontecendo. Saem dos relatos bíblicos em direção ao cotidiano que ronda o Natal. Muitos sentem essa onda de amor, renascendo em suas relações interpessoais e ariscam ir além.

Em toda e qualquer palavra aqui escrita se repete o que já foi escrito. Inevitável. A celebração dessa data tem essa característica porque seu significado permanece idêntico.

O grande Mario Quintana escreveu: “Fere de leve a frase... E esquece... Nada/Convém que se repita... /Só em linguagem amorosa agrada/A mesma coisa cem mil vezes dita”.

Concordo com a frase poética em gênero, numero e grau. Porém, que data no calendário assinala o Amor com tanta propriedade e veemência? É no Natal que a linguagem amorosa se impõe. Que se repita a mesma coisa cem mil vezes dita.

Que nossos olhos se voltem para dentro do nosso íntimo a procurar o que de melhor trazemos ao convívio dos que nos cercam. Que nossos sorrisos se extravasem, sem fronteiras e sem restrições, no espelho da vida lá fora. Que nossa caridade se estenda na solidariedade com os que choram e os que riem. Que se desatem os nós e se reatem os laços nos afetos que são a prioridade do bem viver.

Mais do que tudo, que sejamos capazes de reconhecer o que recebemos como presentes, dados generosamente a cada dia, pela bondade que nos circunda. A vida é boa, sim! Se há espinhos e dores, também existem acalanto e cura. Na medida certa, nos é proporcionada a conquista de um sonho, a graça do reencontro benfazejo, a oportunidade do perdão reconciliador, do abraço que redime nossa individualidade.

A partilha é a palavra de ordem nessa ocasião de confraternização. Partilham-se pedaços de nós mesmos que se multiplicam no milagre da colheita das nossas cicatrizes e das nossas venturas.

Tornamo-nos maleáveis em nome do amor, como bem deixou escrito Gibran: “O amor vos mói até a extrema brancura. /Amassa-vos até ficardes maleáveis.”

E nessa flexibilidade, sem o mais leve traço de pieguice, estendemos nosso olhar para enxergar o outro sem julgamentos ou críticas em plena aceitação porque o milagre se repete.

E se fizermos uma lista dos últimos acontecimentos nas nossas vidas pessoais nos daremos conta de quanto temos recebido de benesses. O Natal está acontecendo na solidariedade que o dia a dia partilha nas nossas almas.

Que saibamos reconhecer nos detalhes o que em nome do Amor celebramos!

Feliz Natal!​

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