Editorial
Vítimas da burocracia
Na matéria que dá a manchete desta edição e abre a página 8, o leitor acompanha uma aula prática de como a burocracia, embora entenda-se como necessária, pode se tornar uma trava que atrapalha a execução de um serviço para quem mais precisa. Enquanto o Instituto do Menor Dom Antônio Zattera (Imdaz) expõe panelas vazias, secretarias do Município e o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (Comdica) apontam dedos uns aos outros sem nenhuma grande definição. Afinal, por qual razão os valores do Fundo da Criança e do Adolescente não são repassados às entidades que necessitam?
A mudança legal, de cobrar editais para repasses em todo o território nacional, certamente foi pensada com a melhor das intenções, pois todo cuidado com o dinheiro público é bem-vindo. No entanto, por uma razão que não foi deixada clara por nenhuma das partes envolvidas, há dois anos Pelotas não tem editais publicados. O argumento é que ele fica girando entre Procuradoria-Geral, Conselho e Secretarias para ajustes. Em nenhum momento as partes parecem ter sentado e definido o que, afinal, é necessário para ter uma versão final prática desse tal edital, que faça a verba entrar nas contas das instituições e ter seu destino.
Além de prejudicar as crianças e adolescentes carentes que precisam de apoio dessas entidades para ter o mínimo de dignidade, que vai de refeições básicas a vestimentas e materiais escolares, o cidadão que fica sabendo de uma história dessas deve certamente se sentir desestimulado. Quem destina seu Imposto de Renda para uma dessas entidades fica na expectativa de estar fazendo o bem. Deparar-se, primeiro através do boca a boca, que trouxe o assunto até a Redação, com a informação de que não, esse dinheiro não está virando comida no prato de ninguém, sem dúvidas murcha. Por mais que a reportagem explique o motivo, não dá para entender a razão. A partir desse tipo de sentimento é que surgem as descrenças em serviços públicos e em sua lisura. Embora não seja o caso de corrupção e afins, é claramente uma má gestão em algum ponto, devido à morosidade com que o processo vem se arrastando.
A sociedade segue torcendo para que isso tudo seja passado a limpo e que, o quanto antes, o dinheiro se reverta em boas ações. As crianças agradecem.
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