Medicina ortomolecular
Entenda o que é e quando procurar um médico especializado
Foto: Jô Folha - DP - "Nosso corpo é como uma orquestra, ele precisa de nutrientes, sais, de organização para que funcione de forma harmônica", Alessandra Rosa Fonseca, médica ortomolecular
Com um nome autoexplicativo, orto, que significa correto, certo, equilíbrio; e molecular, molécula, desta forma o médico ortomolecular seria o responsável por manter as moléculas do corpo humano equilibradas.
Com este propósito, a medicina ortomolecular é uma terapia que atua de maneira completa, avaliando o físico e o mental do paciente. E, assim, busca a prevenção de possíveis doenças no organismo e não apenas o tratamento depois que essas já foram diagnosticadas. O tratamento visa reduzir a quantidade de radicais livres, além de moléculas instáveis que podem ser produzidas pelo próprio organismo, evitando que o corpo esteja constantemente em processo de inflamação.
Partindo do princípio que quanto mais saudáveis e nutridas as moléculas do corpo humano, menores as chances do desenvolvimento de doenças, conforme explica a médica especialista em nutrologia, equilíbrio hormonal, prevenção e tratamento de doenças relacionadas à idade e pós-graduada em Ciências da Longevidade Humana e em Medicina Ortomolecular, Alessandra Rosa Fonseca. “Durante a consulta, avaliamos fatores inflamatórios, estilo de vida dos pacientes. O da sociedade em geral acaba sendo inflamatório, marcados de expresso oxidativo. Estamos constantemente produzindo radicais livres, no entanto nosso estilo de vida pode nos expor a um excesso de radicais livres que nosso corpo não consegue, através dos mecanismos de adaptação, resolver esse stress em excesso.”
A médica explica ainda que o tratamento inicia com um longo diálogo, onde através de um minucioso questionário há condições de conhecer um pouco mais da vida e saúde do paciente desde o seu nascimento até a chegada no consultório. Além dos hábitos diários desses pacientes, entre os questionamentos estão assuntos como alimentação, rotina de trabalho, sedentarismo, tabagismo e demais situações que fazem parte do cotidiano. Com base na interpretação, o médico ortomolecular pode atuar de forma centralizada, buscando o que tem causado as doenças ou desequilíbrios do organismo, ou de forma integral, reunindo todos os cuidados propostos pela medicina ortomolecular.
“O atendimento visa trazer equilíbrio de forma que promova saúde, bem-estar e de forma que a abordagem seja através de medicina extremamente individualizada, através de uma anamnese, com consultas bem longas e minuciosas que costumam ter duração de uma hora e meia até duas horas, com conversas que são desde a infância do paciente, fazendo uma abordagem de como foi o parto, que tipo de parto esse paciente nasceu, como foi a infância, como são os relacionamentos com a família, com amigos, o tipo de trabalho que esse paciente faz, se ele gosta das atividades, como são as atividades, como é a vida desse paciente do ponto de vista emocional, ambiental, fatores de estilos de vida, fatores alimentares, o funcionamento intestinal, medicamentos que usa, medicamentos que já fez uso, se faz exercícios fisicos e como são os hábitos e a adesão do exercício fisico desse paciente. O sono e a qualidade do sono é extremamente importante. Então, têm vários pilares que sustentam essa anamnese e que são fundamentais para essa avaliação.”
Indicada para qualquer faixa etária, funciona como terapia complementar, recorrendo a suplementos nutricionais e alimentos ricos em vitaminas, sempre visando um tratamento de forma personalizada.
Sendo os pilares da saúde nutricional primordiais para a medicina ortomolecular, é extremamente importante o equilíbrio interno dos órgãos, dos sistemas e tecidos, além de diversos fatores prejudiciais à saúde que podem ser evitados, como o estresse, a falta de atividade física, a má alimentação e a exposição à poluição. Dessa forma, pode ser prevenido o desenvolvimento de algumas doenças crônicas e outras que podem vir a surgir durante o envelhecimento, como hipertensão, diabetes e artrite.
Com o olhar integral, de avaliar o paciente como um todo e considerando seus aspectos físicos, mentais e ambientais, quanto mais cedo forem descobertos os níveis de estresse oxidativo nas diferentes faixas etárias, maiores as chances do indivíduo evitar o surgimento de doenças agudas ou crônicas decorrentes disso. “A abordagem da medicina ortomolecular pode ser desde a infância dos pacientes. Ao longo da vida é muito interessante que se avalie todas as nossas vitaminas, minerais, exposições ambientais. Estamos constantemente sendo expostos a toxinas ambientais, a metais, plástico e todo tipo de poluentes ambientais, como por exemplo agrotóxicos. Então, todos esses fatores são importantes de serem avaliados ao longo da vida desse paciente”, explica Alessandra.
Antes de iniciar o tratamento, serão avaliados quais desequilíbrios podem estar presentes no organismo, neste caso alguns exames laboratoriais também podem ajudar. Após os resultados, o médico poderá elaborar o tratamento de forma personalizada, no qual o paciente irá repor as substâncias que faltam no organismo, como vitaminas, sais minerais e antioxidantes, seja por meio de medicamentos ou suplementos além de ajuste de hábitos e rotina, isto tudo dependerá da recomendação médica. No entanto, esses suplementos só devem ser usados sob orientação, já que o tipo e as quantidades variam de acordo com a idade e o estado geral de saúde da pessoa. Além disso, o uso de suplementos nutricionais sem recomendação pode ser prejudicial à saúde.
“A avaliação das vitaminas e minerais dos pacientes é muito importante. Estamos em uma época de hábitos alimentares bastante industrializados. Muitas vezes temos pacientes obesos desnutridos. Isso é muito comum porque o valor nutricional dos alimentos é muito denso de forma energética, eles são muito calóricos e isso acaba contribuindo para os processos fisiológicos do nosso corpo não estarem funcionando de forma adequada. Alimentação, sono, hábitos intestinais, estresse, antecedentes familiares, pessoais, tudo isso contribui como pilar de sustentação da nossa saúde ou promoção de doença”, ressalta a médica. Ela ainda chama atenção para os possíveis sinais que o organismo pode dar e que nem sempre os pacientes estão atentos.
“Avaliação nutricional é de extrema importância, assim como a avaliação intestinal. Na medicina já é muito bem entendido que o intestino é como nosso segundo cérebro. Ele secreta não somente neurotransmissores, a gente sabe que têm conexões neurais muito importantes e que se faz mais estímulos do intestino para o cérebro do que ao contrário. Existe uma importância muito grande da organização do microbioma intestinal para conferir saúde aos pacientes”, destaca.
Foi justamente buscando mais uma possibilidade de tratamento após um procedimento cirúrgico que apresentou inúmeros efeitos colaterais que a empresária Suelen Souza, 40, em tratamento há quase dois anos, encontrou na medicina ortomolecular uma forma de retomar a sua rotina de maneira mais saudável e leve. Segundo ela, o tipo de abordagem realizado de forma personalizada e humanizada é muito positivo para o processo do tratamento e, por consequência, para os resultados.
“Comecei o tratamento ortomolecular, em um momento muito delicado, após seis meses de retirada do útero e ovários, quando estava com muitos sintomas que essa retirada total causa, como queda cabelo, unhas quebrando, vontade de não sair da cama, falta da libido e muita vontade de chorar, além de dez quilos a mais. Após inúmeros exames, chegamos à conclusão que a melhor opção seria a implantação de um chip hormonal. Confesso que logo de início o valor me assustou, porém sempre falo que foi a melhor escolha. Voltei a ter vida, a ter pique, que não tinha nem quando tinha o útero e ovários. Nunca mais deixei o tratamento, não só pelo implante, mas sim porque o tratamento é humanizado.”
Emagrecimento
Para algumas pessoas, a medicina ortomolecular pode ser uma opção para auxiliar no processo de emagrecimento. A médica explica que, embora este seja o motivador para buscar o tratamento, a perda de peso acaba sendo uma consequência do equilíbrio que o corpo encontra. Além disso, o tratamento com a medicina ortomolecular orienta uma dieta com o foco no equilíbrio alimentar, que inclui o consumo de legumes e frutas ricos em fibras e, preferencialmente, com poucas calorias, o que também acaba contribuindo para o emagrecimento. “Muitas vezes atrai pacientes que buscam perder peso, mas ele acontece como consequência de uma mudança de hábitos. Como durante a consulta abordamos vários hábitos deste paciente e hoje já se sabe que a obesidade é multifatorial, conseguimos abordar um processo de emagrecimento com maior complexidade. Então os pacientes acabam tendo um desfecho muito favorável, pois a medicina atua em um dos principais problemas relacionados com a obesidade que é a inflamação. Conseguimos organizar a saúde desse paciente e ele vai ter um emagrecimento saudável e duradouro sem que haja necessariamente o uso de fármacos que podem ter efeitos colaterais e que muitas vezes funcionam como bengalas temporárias para pacientes que precisa de um emagrecimento.”
Para Luana Silveira Majado, 35, o tratamento com medicina ortomolecular foi o motivador para encontrar uma forma saudável de emagrecimento, que ela já havia buscado em outros tratamentos, sem sucesso. O que ela não imaginava era que, por trás dos quilos a mais, havia um desequilíbrio da sua saúde. Após 13 meses de tratamento, ela conta que chegou a resultados superiores ao que imaginava e que não pretende abandonar o acompanhamento.
“Já vinha há algum tempo tentando emagrecer com várias dietas com nutricionistas, sempre sem sucesso. Foi então que uma conhecida me indicou uma médica que trabalhava com medicina ortomolecular. Hoje em dia eu não vivo sem ela, é maravilhoso. Desde então eu eliminei 20 quilos, cheguei no consultório pra minha consulta com quase cem. Era completamente sedentária, meu colesterol e açúcar estavam muito altos, os hormônios com as dosagens erradas, estava com autoestima lá embaixo. O tratamento foi um processo lento, não é do dia para noite, porém senti que foi muito saudável”, conta. Satisfeita com a vida mais saudável, incluiu no dia a dia atividades físicas e alimentação adequada. “Antes eu tinha um metabolismo de 50 anos, hoje em dia minha vida é saudável e minha autoestima está lá em cima.”
Atualmente, com a rotina bastante intensa, um estilo de vida corrido associado a uma alimentação que, normalmente, não ocorre da maneira correta, ou até mesmo a dificuldade de absorção devido a uma questão física, acarreta deficiência de uma série de compostos para o organismo. A correção dessas deficiências pode ser com tratamentos médicos conforme a especialidade necessária, mas também com o tratamento de medicina ortomolecular que, conforme analisa a especialista, atua na base do problema e não só nas consequências que ele apresenta.
"A nossa abordagem coexiste junto com outras especialidades que atuam em um mesmo paciente, com uma abordagem alopática e o médico ortomolecular buscando a raiz do problema. Ele vai avaliar todos esses pilares e investigar possíveis desordens metabólicas. É um modelo preventivo, mas é um modelo que também trata um paciente que já está com alguma doença. Com esse olhar integral para o paciente, muitas vezes conseguimos reverter ou amenizar sintomas e doenças já estabelecidas no organismo, com a otimização tanto metabólica quanto nutricional”, explica Alessandra Rosa Fonseca.
Se pode afirmar que a medicina ortomolecular analisa a interrelação dos sistemas humanos com os ambientais, sendo um dos benefícios da medicina ortomolecular a baixa possibilidade de efeitos colaterais, visto que o foco principal do tratamento é encontrar e manter o equilíbrio do corpo e mente do paciente.
Alguns pilares para atuação do médico em sua prática de tratamento ortomolecular
- Combate aos radicais livres
- Identificação de toxinas no organismo
- Tratamento e equilíbrio da imunidade
- Tratamento de inflamações crônicas
- Correção nutricional
- Equilíbrio da flora intestinal
- Equilíbrio hormonal
- Equilíbrio dos neurotransmissores
- Controle do estresse e sono
- Promoção e incentivo da prática física
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 300 mil indivíduos por ano sofrem infarto agudo do miocárdio, ocorrendo óbito em 30% desses casos. A estimativa é que até 2040 haverá aumento neste números. Os principais fatores de risco para doenças cardíacas são dietas inadequadas, sedentarismo, uso de tabaco e uso nocivo do álcool. Os efeitos podem se manifestar em indivíduos por meio de pressão arterial elevada e comorbidades associadas, como glicemia alta, hiperlipidemia, sobrepeso e obesidade.
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