Tecnologia

Aplicativo facilita na busca de informações das crianças e adolescentes

Primeiro app de cuidado compartilhado do País disponibiliza dados pessoais, médicos e agenda de compromissos diversos para facilitar o acesso dos pais, familiares e de apoio

Foto: Jô Folha - DP - Plataforma auxilia pais, mães e familiares a manterem a comunicação e a troca de informações de forma eficiente, sendo uma solução exclusiva para ajudar no cuidado dos filhos

Por Joana Bendjouya

Quantas vezes pais e mães já foram aos atendimentos médicos ou de urgência e esqueceram a caderneta de vacinação, o nome da medicação que já causou algum tipo de alergia ou até mesmo o tipo sanguíneo da criança? Além destas, há também as situações em que não são os pais que acompanham no atendimento médico, mas os avós, algum familiar ou até mesmo a rede de apoio, e algumas das informações podem passar despercebidas durante o atendimento.

Pensando na praticidade de ter essas e outras informações pessoais das crianças, adolescentes e até mesmo de todos os membros da família é que surgiu o aplicativo Zelle. Na proposta inicial, o app buscava ser uma plataforma que reunisse informações dos filhos para facilitar a administração da guarda compartilhada e relacionamento entre os pais separados. “Eu me sentia frustrada por ter de manter contato diário com o ex-marido por causa da criação compartilhada dos meus filhos. Por isso, decidi buscar um aplicativo ou uma plataforma que reunisse as informações das crianças, como eventos e datas das consultas médicas. Eu queria virar a página em relação ao casamento. Então, fui atrás de uma solução. Quando não encontrei, a ideia surgiu”, conta a fundadora da Zelle, Aline Poulse.

PSICO
Para Maria Eduarda Oxley, psicóloga clínica especialista em casal e família, a ferramenta tecnológica é também um mecanismo positivo para os momentos em que a relação está atribulada, muitas vezes por ter sido uma recente separação e com feridas psicológicas muito presentes, além das burocracias do momento. Mais que uma forma de diminuir possíveis conflitos, a psicóloga deixa claro que de forma alguma o uso da plataforma deve substituir o diálogo entre a família. Mesmo que não exista mais o casamento, ainda assim devem respeitar a divisão dos cuidados das crianças e/ou adolescentes. “Incluindo mais os pais, os dois viram protagonistas na criação desse filho e tiram a criança do papel do mediador que algumas vezes é colocado. Claro, tudo isso prevenindo uma alienação parental. Desta forma deixam a criança mais segura e podem diminuir a ansiedade desse período e dessa separação.”

A psicóloga alerta ainda que, com a família estando com emocional equilibrado, haverá mais tranquilidade para passar pelos momentos e fases da separação e adaptação da nova rotina. “Alguns autores sugerem inclusive que relacionamentos familiares adequados são um fator de proteção contra patologias infantis. Pode-se constatar que a família está diretamente relacionada aos transtornos mentais dos filhos por meio das interações e de clima negativos que podem existir dentro desse sistema.”

Na prática
A possibilidade de partilhar informações de histórico médico que antecedem os nascimentos das crianças e atualizar a cada consulta ou a qualquer momento foi o que atraiu a advogada Carolina Perroni Sanvicente, mãe de Antonia, 9, e Benício, 6. Ela utiliza o aplicativo desde o ano passado e conta que além de centralizar os documentos dos pequenos na plataforma, inclui consultas médicas, receitas encaminhadas em cada atendimento, recomendações dadas dos médicos, além de informações práticas para o dia a dia que otimizam o tempo e organizam as agendas de toda família.

“Moramos na mesma casa, somos casados, mas essa possibilidade de ter os documentos principais, a rotina escolar e de atividades extraclasse, todas as informações de médicos, de saúde das crianças, inclusive atividades como festinhas e quem irá buscar e levar em cada atividade, que também é possível incluir na plataforma, facilita muito na nossa organização. Quando levo as crianças numa consulta médica, por exemplo, se a receita não for eletrônica, eu fotografo e já incluo no perfil, e ali ficará informada a quantidade e os horários da medicação. Isso é muito facilitador na gestão familiar”, relata. Carolina divide o acesso com o marido e pretende estender aos avós que também se envolvem nos cuidados das crianças. “Hoje em dia a comunicação eletrônica é muito mais rápida”, afirma.

Pediatra
Larissa Hallal Ribas, pediatra e mestre em saúde no ciclo vital, afirma que a possibilidade de todos que se envolvem com os cuidados das crianças e adolescentes independente de ser uma família de pais casados ou separados, é fundamental, visto que muitas vezes, pela rotina movimentada, quem acompanha as crianças nas consultas médicas nem sempre são os pais. “Com a tecnologia, isso cada vez mais nos ajuda e está a nosso favor, dos médicos, dos pacientes e dos responsáveis. Facilitar o acesso a estes registros é uma forma de todos ficarem cientes. Nós médicos, familiares e rede de apoio, precisamos saber de tudo que acontece na vida das crianças e adolescentes. Isso é muito importante para questões como se o paciente é alérgico a determinado tipo de alimento ou antibiótico. Neste sentido, os registros são fundamentais, são ferramentas extremamente importantes na promoção de saúde e também da prevenção de doenças”, explica.

Além disso, a pediatra alerta para a importância de ter todas as informações, incluindo aquelas que antecedem o nascimento, até detalhes de desenvolvimento e todas as doenças que já marcaram a vida deste paciente. “O histórico de saúde dos nossos pacientes é um documento essencial para o atendimento. A gente precisa saber do passado da criança, desde o período gestacional, como foi o parto, se desde o início da vida já apresentou alguma intercorrência. Qual o tipo sanguíneo, se a criança teve alguma alergia, se as vacinas estão em dia, se já teve algum problema de saúde, se já precisou internar e por que, se apresenta alguma doença de base, se apresenta algum tipo de alergia. Então esses registros são muito importantes.”

A pediatra ressalta ainda que, no momento de uma consulta fora da rotina, por um episódio de alguma intercorrência de saúde, é muito importante levar em consideração todo histórico até o momento. “Nas consultas a gente avalia o que está acontecendo naquele momento, mas não se tem como fazer uma avaliação completa se não olhar para o todo. E olhar para o todo inclui esse histórico de saúde, desde a gestação, os primeiros anos de vida, até o momento de hoje. Ter eles sempre à mão é de extrema importância, além de ser direito do paciente ter esses registros médicos”, orienta.

Aplicativo
Disponível nas lojas de apps, o aplicativo da Zelle é a única plataforma no país que dispõe deste tipo de informação, como uma agenda que marca os compromissos dos filhos, uma área para armazenar cópias de documentos como RG e certidão de nascimento e informações básicas da criança, como número de calçados e tamanho de roupas. Mais recentemente, a startup liberou funcionalidades relacionadas à saúde, como uma caderneta que reúne todas as informações relativas ao bem-estar dos filhos.

O aplicativo permite que até seis crianças sejam cadastradas por usuário e que cada uma delas tenha dez conexões capazes de acessar as suas informações. A plataforma oferece um teste gratuito de 30 dias e, depois, duas opções de plano: mensal (R$ 14,90) e anual.

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