Visão

Glaucoma: A principal causa de cegueira irreversível no mundo

Doença atinge quase um milhão de brasileiros e raramente apresenta sintomas

Foto: Italo Santos - Especial - DP - Alguns dos fatores de risco para o glaucoma são a hereditariedade, diabetes, traumas oculares e idade avançada

Por Joana Bendjouya

O glaucoma é uma doença resultante da ampliação da pressão intraocular, também conhecida como pressão interna do globo ocular, que afeta diretamente o nervo óptico responsável por levar as informações até o cérebro.

O oftalmologista Eliezer Duarte relata sobre como a doença pode afetar o campo visual periférico, podendo levar alguns anos para que o paciente sinta algum sintoma e perceba que a visão foi afetada pelo glaucoma. “É uma neuropia do nervo ótico. Existem vários tipos, mas o mais comum acaba sendo o de ângulo aberto. No estágio inicial, não causa nenhuma percepção. A percepção da perda visual costuma ser tardia, porque costuma afetar o campo periférico e o paciente acaba ficando com visão tubular. À medida que vai progredindo o dano do glaucoma, que é periférico, a visão central fica preservada e, por isso, não percebe, acaba que quando acomete a parte central da visão, já é um estágio bastante tardio”, explica.

Outro fator muito relevante é que, pelo fato desta ser uma doença silenciosa, é extremamente grave e pode ser evitada. Desta forma, o oftalmologista chama a atenção para a importância do controle da pressão intraocular, que quando alterada é justamente o que provoca lesões no nervo ótico e, como consequência, o comprometimento visual e, se não for tratada adequadamente, pode levar à cegueira total. Sendo a hipertensão ocular o principal fator de risco para o dano do nervo ótico. “Este é o ponto de maior risco e só é possível saber e controlar fazendo a medida da pressão do olho nos exames regulares”, alerta.

Glaucoma crônico de ângulo aberto
É uma condição crônica, considerada o tipo mais comum de glaucoma e que muitas vezes pode não apresentar sintomas iniciais enquanto progride e se agrava silenciosamente. Para tratamento, exige o uso constante de colírios que devem ser administrados para controlar a doença, visto que não tem cura. “Como pode ser controlado por meio de medicação, é muito importante manter as consultas de revisão e acompanhamento ao oftalmologista, para ter certeza que está respondendo bem ao tratamento e não está evoluindo a doença”, alerta Duarte.

Glaucoma agudo ou de ângulo fechado
No glaucoma agudo, ocorre repentinamente um aumento da pressão intraocular, causando dores muito intensas. Outros sintomas comuns que também podem surgir são visão embaçada e vermelhidão ocular. Este é um tipo de glaucoma que requer cuidados médicos de emergência, pois os sintomas são súbitos e, se não tratado rapidamente, o paciente corre o risco de em poucos dias ocorrer o agravamento considerável da visão e até mesmo a cegueira.

Glaucoma de pressão normal
Este tipo de glaucoma ocorre em pacientes com a pressão intraocular normal, causando inesperadamente danos ao nervo óptico e estreitamento da visão lateral. Tanto nos casos de glaucoma de ângulo aberto como de pressão normal, raramente o paciente apresenta sintomas bem definidos.

Glaucoma Secundário
Decorrente de outras doenças oculares que interfiram com a drenagem do líquido interno do olho (humor aquoso). A causa pode ser interna ou externa do próprio olho como, por exemplo, pelo uso prolongado ou até excessivo de determinados medicamentos.

Glaucoma congênito
Se trata de uma doença rara, hereditária e é resultado de uma má formação, na grande maioria é diagnosticada no primeiro ano de vida do bebê e geralmente apresenta sintomas bastante característicos:
Essas alterações são decorrentes do aumento da pressão intraocular que pode acontecer já durante a gestação. O tratamento sugerido é a cirurgia, que caso seja feita precocemente pode apresentar bons resultados.

Sintomas e prevenção
Na maioria dos casos, o glaucoma é assintomático. Se a pessoa percebe que está enxergando menos, segundo o oftalmologista, este já é um sinal de alerta, pois a doença pode estar muito avançada. Nesse processo, podem ser percebidos outros sintomas derivados da menor sensibilidade da retina: menor percepção de contrastes, dificuldade de leitura e alteração na adaptação no claro e no escuro.

Diagnóstico
O oftalmologista alerta que, de modo geral, dois sinais merecem atenção: pressão intraocular acima da média e alterações no nervo ótico, perceptíveis no exame de fundo de olho. Outros fatores podem ajudar a confirmar o diagnóstico. “O principal fator de risco para o dano do nervo ótico é o aumento da pressão do olho, a forma de se saber é através do exame que verificar a medida da pressão do olho, nos exames regulares e sempre que houver algum sintoma procurar um profissional para realizar uma avaliação”, diz Eliezer Duarte.
São pacientes de risco pessoas negras, que têm maior propensão a desenvolver pressão alta, pessoas acima de 40 anos e os portadores de diabetes. O histórico familiar também é um fator importante para o diagnóstico pois, segundo o especialista, a maioria das pessoas com a doença já teve outro caso diagnosticado na família.

Tratamento para glaucoma
O tratamento deve ser feito com o acompanhamento de um oftalmologista que poderá prescrever colírios, que irão atuar baixando a pressão ocular, permitindo interromper ou diminuir o processo de dano no nervo óptico e a perda de visão. O médico explica que, de maneira geral, o tratamento é realizado com uso de colírios. Mas, caso o uso não reduza o dano, podem ser necessárias algumas intervenções cirúrgicas. “Temos diferentes classes de colírio e medicações hipotensoras que, dependendo do nível da pressão e do grau de evolução da neuropatia, se pode fazer a associação de medicações e geralmente se consegue estabilizar a evolução da doença”, explica.

Procedimento cirúrgico
Segundo o oftalmologista, a cirurgia não deve ser o primeiro recurso a ser pensado, desde que a doença seja controlada por meios clínicos e não cause prejuízo para a qualidade de vida do paciente, mas caso contrário, esta será a solução. “Em casos em que não se consegue controlar a doença ou a pressão não está reduzindo de maneira satisfatória, ou mesmo com a redução da pressão a neuropatia está evoluindo, podem ser necessárias intervenções cirúrgicas.”

A importância do diagnóstico precoce
O oftalmologista explica que, pelo fato de o glaucoma ser uma doença silenciosa, o diagnóstico precoce é fundamental. “O exame oftalmológico periódico é que vai nos dar condições de um diagnóstico precoce, para que essa pessoa não tenha uma perda da sua visão. Porque o glaucoma é uma doença que não tem cura, mas tem controle”, explica.

A professora Maristela Rodrigues, 58, descobriu que tinha a doença quando começou a sentir a sua visão um pouco prejudicada. Ao realizar exames de rotina no consultório do oftalmologista, foi diagnosticada com um glaucoma inicial e está em tratamento com colírio especifico há um ano. “Estou fazendo um tratamento e não imaginava que já tinha. Marquei uma consulta depois de perceber a visão nublada e para mim seria pela idade, tempo de trabalho, uso de computador e celular. Mas não, tive essa surpresa. Hoje em dia estou com o glaucoma estabilizado, minha pressão ocular nunca mais subiu e o grau do meu óculos inclusive diminuiu. Para mim foi mais uma conquista com o tratamento correto”, comenta.

Maristela conta que não sabia que o fato de sua mãe ter tido glaucoma seria um fator de risco e que exigiria acompanhamento cuidadoso. “Não sabia que quando se tem casos na família o ideal é fazer acompanhamento mais regular. Hoje em dia sei porque o meu médico recomenda consultas de seis em seis meses. Se eu soubesse, teria acompanhado antes.”

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Febre maculosa Anterior

Febre maculosa

Aplicativo facilita na busca de informações das crianças e adolescentes Próximo

Aplicativo facilita na busca de informações das crianças e adolescentes

Deixe seu comentário