Por Anete Poll
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"Quero que o preso fique sem celular, que fique sem receber drogas. Mas também quero que ele estude, tenha uma profissão para quando sair daqui e que trabalhe". Foi com este intuito que o administrador da Penitenciária Estadual de Rio Grande (Perg), Marco Aurélio Gonçalves, pleiteou junto a Vara de Execuções Criminais (VEC), seis cursos para ser administrado na casa prisional.

Os cursos, já em pleno andamento, vão até o dia 6 de dezembro, a exceção de dois, barbeiro e cabeleireira, que são mais longos (dois meses), quando os apenados receberão certificados de formação. "Temos uma parcela de presos que querem voltar melhor para o convívio em sociedade. Acredito que os cursos profissionalizantes sema um caminho para isso", resumiu Marco Aurélio.

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Os apenados, segundo o administrador, são pessoas que estão aprendendo um ofício, o que a maioria nunca teve. "Sempre que se apresentaram para trabalhar era para serviços gerais ou limpeza, exatamente por não saberem fazer outra coisa. O judiciário foi sensível a esta causa, alcançando verba R$ 80 mil para a formação de 75 apenados. Esperamos que todos façam bom uso da formação destes cursos e voltem mais capacitados para a sociedade, porque essa é nossa missão, enquanto sistema penitenciário", ressalta o administrador prisional.

 
A escolha dos cursos levou em consideração, várias situações: desde a profissionalização para quem sai até o suporte para quem continua preso. O curso de velas aromáticas, por exemplo, é para gerar renda para as apenadas que não tem familiares perto, não recebem visitas e não possuem outro meio de suporte para as questões peculiares do universo feminino.

 
O curso de fraldas e absorventes já garantiu, pelo menos, o emprego de um preso, graças a um termo firmado com a prefeitura de Rio Grande. O apenado vai confeccionar absorventes e entregar para o município, que usará na campanha contra a pobreza menstrual. Também tem o curso de serigrafia, sublimação em produtos, para confecção de camisetas, bonés, canecas e outros. Um termo de cooperação com a casa acolhedora Raio de Luz, fará com que dois presos sejam contratados para produzir produtos desta marca, gerando renda para o orfanato e para o preso.

 
Há dois projetos, barbeiro e design de barba e corte de cabelo feminino e visagismo, que são os mais longos, com duração de dois meses, que já estão com lista de espera para o ano que vem. "Esperamos ter recursos novamente para a confecção de cursos profissionalizantes", destaca Marco Aurélio. O curso de barbeiro representa um ganho rápido. Assim que sai da penitenciária, pode colocar uma cadeira em qualquer lugar e iniciar um trabalho. "Ele consegue gerar renda de imediato", diz o administrador.

 
Ele observa que na turma de barbeiros há três homens trans e no de cabeleireira há uma mulher trans. "Formaremos a primeira turma LGBT na Perg e na região, com curso profissionalizante", destaca. Durante a cerimônia de formatura dos apenados, também será inaugurado o Espaço de Trabalho Prisional. "A administração da Perg e a Susepe estão empenhadas em fomentar o trabalho prisional, a educação e toda forma de assistência elencada na Lei de Execução Penal, que é uma diretriz da Susepe e da Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo (SJSPS)", finaliza Marco Aurélio Gonçalves.

Ao todo, seis cursos estão sendo ministrados: corte de cabelo masculino e design barba; corte de cabelo feminino e visagismo; produção de velas aromáticas; relações pessoais e de trabalho; fabricação de absorventes e fraldas e sublimação em produtos. As duas últimas capacitações se tornarão oficinas permanentes, de acordo com Termos de Cooperação já publicados em Diário Oficial do Estado.