Ilícito
Operação de combate ao comércio ilegal tem prisões em Pelotas e São Paulo
Organização criminosa comprava produtos da China e Estados Unidos para free shops no Uruguai e organizava a mercadoria para ser enviada a SP
Foto: Divulgação - Durante um ano e três meses de investigação, um ônibus foi apreendido em Pelotas
Reportagem atualizada às 19:57 de 29 de agosto
Com 11 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão preventiva, a Policia Federal (PF) e a Receita (RFB) desarticularam uma organização criminosa que movimentava milhões em comércio ilegal entre Uruguai e Brasil. Dois dos investigados são de Pelotas e Jaguarão, por serem proprietários de free shops e responsáveis por organizar a carga. A operação resultou na prisão de duas pessoas em Pelotas e São Paulo e na apreensão de 14 veículos (entre eles carros de luxo). A Operação Hangover investigava o grupo responsável pela importação ilícita de mercadorias e que abastecia a rua 25 de Março, em São Paulo.
Para a operação em 11 cidades diferentes foram mobilizados 70 policiais federais e dez servidores da Receita, que cumpriram as 16 ordens judiciais nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Os mandados incluíram bloqueio de contas bancárias e sequestro de veículos e imóveis dos suspeitos.
De acordo com a delegada de Polícia Federal, Shirley Caselani Sitta, a investigação teve início em maio de 2022 e apurou que os líderes do grupo criminoso, através de empresas constituídas no Uruguai, importavam mercadorias da China e dos Estados Unidos, principalmente, para revender em seus free shops, localizados em Rio Branco e Aceguá, mas desviavam os produtos para internalizá-los ilicitamente no Brasil sem o recolhimento de impostos. A PF estima que a quadrilha movimentou R$ 30 milhões.
“A estrutura logística do grupo criminoso contava com depósitos próximos à fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e na região metropolitana de Porto Alegre, pontos onde eram feitos o transbordo da carga”, explica a delegada. A partir do RS, os produtos eram enviados em caminhões e ônibus para grandes depósitos na cidade de São Paulo, onde ficavam estocados e depois abasteciam o comércio na região da 25 de Março. No retorno ao Rio Grande do Sul, o grupo aproveitava a mesma logística para transportar cargas de cigarro de origem paraguaia para distribuição no Estado.
Origem
Em um ano e três meses de investigação, foram realizadas 26 abordagens e prisões em flagrante, que resultaram na apreensão de aproximadamente R$ 180 milhões em mercadorias como cigarros, bebidas, vestuário, óculos, calçados, cosméticos, equipamentos eletrônicos, entre outros itens diversos, além de 18 caminhões, quatro ônibus, três vans e seis veículos de passeio. Em uma das abordagens, foram apreendidas 320 toneladas de mercadorias com valor estimado de R$ 150 milhões, em uma transportadora que operava como depósito dos produtos ilícitos na cidade de São Paulo.
“Entre os investigados, donos dos free shops, os que internalizavam as mercadorias e organizavam o transbordo da carga são da região de Pelotas e Jaguarão”, afirmou a delegada Shirley Caselani Sitta. Posteriormente, eles faziam o transporte da mercadoria até São Paulo.
No Uruguai
“Os free shops dos líderes do grupo criminoso investigado na Operação Hangover foram interditados pelas autoridades uruguaias há um ano, a partir da investigação da PF”, informou a delegada. Segundo ela, no Uruguai, os investigados respondem a processos criminais e estão foragidos, com mandados de prisão incluídos na Difusão Vermelha da Interpol. “Um dos suspeitos está desaparecido desde maio deste ano, quando viajou para Colômbia utilizando nome falso. A família registrou o desaparecimento na Embaixada do Brasil na Colômbia e a Adidância da Polícia Federal efetuou diligências para localização, mas não há, até o momento, notícias de seu paradeiro”.
Cidades onde foram cumpridas ordens judiciais: Pelotas (MBA e preventiva), Jaguarão, Porto Alegre, Novo Hamburgo, Osório, Bombinhas (MBA e preventiva), Balneário Camboriú, Santana da Parnaíba (MBA e preventiva), Guarulhos (MBA e preventiva), Sarapuí e São Paulo (MBA e preventiva). O nome da operação faz alusão a uma das primeiras apreensões de mercadorias realizadas no âmbito da Operação Hangover (ressaca, em inglês), que se tratava de carga de bebida alcoólica
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário