A Petrobras anunciou nesta terça (29) um investimento de R$ 45 milhões na Refinaria de Petróleo Riograndense (RPR), em Rio Grande, para a realização de testes para a geração de combustíveis de origem 100% renovável. A assinatura do acordo de cooperação contou com a presença do presidente da companhia, Jean Paul Prates, o governador Eduardo Leite, o diretor-superintendente da refinaria, Felipe Jorge, além de Roberto Bischoff, CEO da Braskem, e Marcelo Araújo, diretor executivo da Ultrapar.

O investimento abre caminhos para reativação do potencial da RPR de olho no mercado de energia renovável. Os recursos serão usados em dois testes de uma tecnologia desenvolvida pela Petrobras, um primeiro, em novembro, e um segundo, em junho de 2024. Caso os testes sejam bem sucedidos, já está encaminhada a negociação de um contrato para o licenciamento da tecnologia. Atualmente, a antiga Refinaria Ipiranga é controlada pela Petrobras, Braskem e Ultrapar. A unidade tem capacidade de processamento de 17 mil barris de petróleo por dia.

O processo de conversão da RPR em biorrefinaria faz parte de um pacote que projeta investimentos de até R$ 3,5 bilhões em cinco anos. Com a mudança no processo, a expectativa da Petrobras é produzir propeno, gasolina, diesel, gás liquefeito verde e bioaromáticos para a indústria petroquímica a partir do óleo de soja refinado. Já há no Brasil outras iniciativas que utilizam fontes renováveis para a produção de combustíveis, no entanto, a experiência de Rio Grande será a primeira com matéria-prima 100% de origem renovável.

Pioneirismo histórico e retomada naval
Jean Paul Prates ressaltou o pioneirismo da Refinaria Riograndense que, em 1937, foi a primeira refinaria de petróleo do Brasil e pode se tornar a primeira biorrefinaria do país, e assumiu o compromisso de lutar pela recuperação da indústria naval de Rio Grande. “A Petrobras será protagonista desse processo, diferente do passado, corrigindo erros, atualizando posições, olhando para a transição energética”, disse, destacando o papel do estado no impulsionamento do desenvolvimento naval.

Prates também destacou a importância de se buscar pela geração de energia limpa ao mesmo tempo em que se continua explorando os combustíveis fósseis, citando o potencial da energia eólica offshore em Rio Grande. “Quanto mais as gerações futuras, nossos filhos e netos, puderem trabalhar com energia limpa e estruturas muito mais simples, melhor para nós. Agora, temos ainda, pela frente, 50 anos de petróleo e gás”.

Apesar de o anúncio ser de investimentos para a fase de testes, o tom da visita foi de otimismo quanto ao potencial da biorrefinaria. “Vamos transformar a Refinaria Riograndense na primeira biorrefinaria do Brasil completa”, apostou Prates.

O governador Eduardo Leite considerou que, caso os testes sejam bem sucedidos, a transfornação da RPR em uma biorrefinaria significaria um novo marco de pioneirismo na história do Rio Grande do Sul. “Dá um selo de sustentabilidade importante ao Estado e garante a operação de uma refinaria que é importante para Rio Grande e para o Rio Grande do Sul”, disse.

Leite também comemorou o compromisso da Petrobras e do governo federal na retomada do Polo Naval de Rio Grande. “Alguns movimentos que a Petrobras está fazendo prometem dar condição para uma retomada forte, com fôlego, deste polo naval. O governo do Estado vai estar ao lado para poder proporcionar tudo o que for necessário”, afirmou.