No Japão, as árvores de cerejeira têm sua plena floração entre março e maio, meses que marcam o fim do inverno e a chegada da primavera. A sakura, como é conhecida, tornou-se famosa por todo o país e atrai milhares de turistas durante sua época de floreio. Mas não é preciso ir até lá para apreciar o fenômeno - Pelotas guarda dois exemplares da espécie na avenida República do Líbano, bairro Três Vendas.

A primavera só chega no Brasil daqui a dois meses, mas já é possível ver o florescer das cerejeiras por aqui. Elas ficam no Jardim de Suzu, uma das praças da avenida. Quem passa por ali vai se deparar com as flores da árvore símbolo do Japão pintada em diferentes tons de rosa - cenário que contrasta com o resto da paisagem. O local foi inaugurado em 2008 como homenagem à cidade-irmã de Pelotas, o município de Suzu, Japão. Das 45 mudas de cerejeiras, apenas duas resistiram ao clima e ao solo pelotenses.

Gilberto Motoyama, diretor financeiro da Associação Cultural Nipo-Brasileira de Pelotas, conta a história do local. Uma curiosidade: as cerejeiras não são originais do país asiático. “Mandaram um lote do Japão, mas como demoraram para plantar, a cerejeira não aguentou. Então encomendaram outro lote, desta vez de Caxias do Sul. As árvores que restaram são de lá”, esclarece. Isso porque o solo do local é encharcado, condição que torna difícil o fortalecimento da árvore.

A sakura floresce por todo o país por dois meses, criando um verdadeiro roteiro turístico acompanhado por japoneses e estrangeiros. É forte a tradição no país de “contemplar as flores” da cerejeira durante esse período - prática antiga chamada Hanami. Para os japoneses, a flor de sakura carrega como símbolo a beleza, a renovação e a juventude.

A praça foi instalada em 2008 com elementos que prometiam trazer um gosto do Japão. Um pequeno lago artificial, com estrutura de concreto e formato oval, deveria compor a paisagem, além de 45 árvores de camélias vermelhas, a árvore símbolo da cidade de Suzu. No entanto, só restaram três bancos e pedras de diferentes formas, colocadas ali para representar as pétalas do crisântemo que forma o brasão do imperador do Japão. O lago não durou muito - segundo Gilberto, está desativado há alguns anos por um erro na execução do projeto que fazia a água vazar.

A idealização do Jardim de Suzu é creditada ao músico e compositor Luiz Carlos Lessa Vinholes, pelotense notável pela disseminação da cultura nipônica na cidade. Vinholes foi responsável por tornar Pelotas cidade-irmã de Suzu, em 1963. O município foi o primeiro no país a ter uma cidade-irmã com o Japão. Suzu fica na província de Ishikawa e possui população estimada em 17 mil habitantes. O intercâmbio cultural e econômico são os principais objetivos da relação.