História
Ainda freguesia, mas já referência
Charqueadas foram um catalisador para o desenvolvimento rápido e, em poucos anos, território já era parada obrigatória para viajantes ilustres
Quando a primeira planta urbana da freguesia de São Francisco de Paula é publicada, em 1815, já eram mais de 2,4 mil habitantes. É o que aponta o primeiro recenseamento, realizado no ano anterior, em 1814. Dos 2.419 moradores, 1.226 eram escravizados e 105 indígenas. Em pouco tempo, progrediu admiravelmente a povoação... era uma das mais prósperas da Capitania - destaca o livro A cidade de Pelotas, de Fernando Osório. E é fácil de entender o porquê: naquele momento, já eram mais de 30 anos de atividade saladeiril.
"As charqueadas foram um grande catalisador para o desenvolvimento da região ter ocorrido de forma tão rápida", afirma o pesquisador Guilherme de Almeida. Em poucos anos, a freguesia já era referência comercial e parada obrigatória de viajantes como o botânico francês Auguste de Saint-Hilaire, que rodava vários pontos do país. E embora a povoação estivesse circunscrita às vias hoje batizadas de General Neto, Almirante Barroso, General Osório e avenida Bento Gonçalves - tendo a igreja como ponto central -, pelo menos outros dois locais poderiam ter se transformado no principal núcleo urbano de Pelotas.
Um deles ficava no Laranjal, junto à Estância Nossa Senhora dos Prazeres, onde já existia inclusive uma capela; pré-requisito para instalação da freguesia - o que se explica pela religiosidade da colonização portuguesa. "Era uma área da repartição da sesmaria que Thomaz Luiz Osório recebeu, em 1758", explica o pesquisador. A outra região que também já apresentava relativo desenvolvimento era o Passo dos Negros, inicialmente chamado de Passo dos Ricos; rota para escoamento do gado. "Mas em função de ser um ponto com muitos trabalhadores negros, escravizados, nem chegou a ser cogitado. Não era considerado uma área nobre", enfatiza Almeida.
Você sabia?
Os portugueses costumavam doar sesmarias - equivalente a várias estâncias - para militares. Era uma das táticas contra os espanhóis, para proteção do território.
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