História

Nomes de peso na economia e na política

Com ideias progressistas, Antônio José Gonçalves Chaves foi uma das figuras mais influentes do seu tempo

Os monogramas estão guardados como relíquias no acervo da Charqueada São João. As iniciais A.J.G.C e A.J.G.Chaves eram utilizadas para selar cartas. E não eram poucos os comunicados, ainda que o período fosse da primeira metade do século 19. O português Antônio José Gonçalves Chaves era reconhecido como uma das figuras mais influentes do seu tempo: foi vereador, deputado na primeira Assembleia Provincial - pós-Independência - e, como charqueador, estabeleceu relações dentro e fora do Brasil.

Conhecedor da conjuntura do país, escreveu Memórias Ecônomo-políticas sobre a administração pública do Brasil, que já está na 4ª edição. "Ele tinha contato com ideias liberais, mais progressistas e, aos poucos, vai simpatizando com a causa da separação", destaca o professor do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas (ICH-UFPel), Jonas Vargas. E o livro está mergulhado no contexto pré e pós-Independência. Começou a ser escrito em 1817 e foi publicado em 1823, em gráfica do Rio de Janeiro. A obra, inclusive, chegou às mãos do imperador Dom Pedro I.

Gonçalves Chaves não poupava críticas aos compatriotas e ao sistema de colonização: ... As leis só tinham valor quando não ofendiam os capitães-generais. Seriam necessários volumes para enumerar os despotismos, opressões, violências, depredações ou protérvias que os capitães-generais do Brasil têm praticado contra os povos.

Quando o tema em pauta era a escravidão, de novo, subia o tom: ... É unicamente o Brasil, onde sendo tão favoráveis as circunstâncias a respeito dos homens libertos, são tão desfavoráveis a respeito dos cativos que parece ter-se-lhes decretado sua escravidão eterna, ao mesmo tempo que a experiência dá repetidos sinais da necessidade de sua abolição - defendia no capítulo 3 ou Terceira Memória. A escravidão é inconciliável com a economia política moderna e é já demasiada no Brasil, que não pode com ela melhorar a sua constituição política.

Ainda assim, não pode ser considerado um abolicionista. "Como vários outros da sua época, ele não era a favor de uma abolição imediata. O que ele achava era que se deveria abolir o tráfico transatlântico, a entrada de africanos escravizados dentro de 18 meses após a aprovação de uma lei", explica o historiador. "E ainda era a favor que os filhos de escravizados só fossem libertos a partir dos 25 anos de idade, com a criação de uma nova lei", acrescenta o professor da UFPel.

Uma cerimônia de aclamação a Dom Pedro I por aqui

A vila de Rio Grande de São Pedro virou palco a ato de aclamação de Pedro de Alcântara como imperador. A cerimônia ocorreu em 12 de outubro de 1822, com direito a 101 tiros de artilharia e uma missa solene para marcar a 'heróica rezolução' que o designava como 'defensor perpétuo do Império'. A cerimônia está devidamente descrita na Revista do Archivo Público do Rio Grande do Sul, de junho de 1922; quase um século depois.

O documento, que integra o acervo de aproximadamente 450 mil exemplares da Biblioteca Rio-Grandense, torna-se mais um elemento em que fica demonstrada a liderança de Gonçalves Chaves, uma das personalidades que participou do evento promovido pela Câmara. Já na freguesia de São Francisco de Paula, o charqueador Domingos José de Almeida - parceiro de negócios de Chaves - promoveu uma festa em comemoração à Independência. Um festejo público, em 15 de outubro, para aclamar o 'magno evento com solenidade e pompa ainda ali não vistas' - como resgata o livro A cidade de Pelotas, de Fernando Osório.

Saiba também!

A freguesia de São Francisco de Paula foi elevada à condição de vila em dezembro de 1830, mas a instalação efetiva só ocorreu em 1832. É quando a autonomia administrativa é conquistada e forma-se a Câmara de Vereadores, com sete titulares e um suplente. E o reconhecimento como cidade não demorou. Veio três anos depois, em 1835, quando o território passou a se chamar Pelotas. As transições rápidas não foram ao acaso. Devem-se ao poderio econômico e político que já circulava por aqui.

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