História
Charqueada São João buscará apoio para realizar restauro
Primeira parte da obra está orçada em R$ 2 milhões; propriedade é tombada pelo Iphan nos aspectos arquitetônico, arqueológico e ambiental
Um financiamento coletivo deve ser aberto até o final do ano para viabilizar o início do restauro da Charqueada São João. Desde 2018, a propriedade é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) nos três aspectos: arquitetônico, arqueológico e ambiental. A primeira fase da obra - orçada em R$ 2 milhões - já está, inclusive aprovada pelo Iphan, mas é preciso captar os recursos. A verba é suficiente para recuperar o telhado e as paredes e as redes elétrica e hidráulica de parte da casa.
"Hoje estamos num momento de urgência. Já tínhamos este projeto antes da pandemia, mas com tudo que ocorreu, entendemos que não era hora de buscar apoio para este tipo de iniciativa", destaca Marcelo Mazza Terra. A necessidade, agora, é ainda maior, principalmente para preservar o madeiramento original da cobertura da antiga charqueada de Antônio José Gonçalves Chaves.
Mais adiante, a intenção é de que a restauração possa chegar também à senzala, que deverá ficar dividida em dois espaços. A ideia é conservar o ambiente em um deles, para que o público possa conhecer como era o alojamento dos escravizados. E o outro, que já sofreu adaptações como melhorias no piso, também deve permanecer aberto à visitação, mas para exposições de fragmentos das escavações arqueológicas, por exemplo.
"O meu grande sonho é fazer o restauro, pra que essa casa dure mais 200 anos. Pra nós, este é um ambiente que tem que ser preservado".
Um compromisso que já dura mais de 20 anos
Marcelo era ainda um guri, quando depois da janta se sentava na área do meio do casarão para ouvir as histórias contadas pela avó Nóris Moreira Mazza. A bisavó Amélia Tavares Moreira, a vó Melinha, havia sido charqueadora, em terreno onde hoje está localizado o condomínio Marina Ilha Verde, às margens do arroio Pelotas. "Temos a responsabilidade de ser guardiães da história", reforça. Um compromisso assumido em 1996, quando passaram a amadurecer a ideia de transformar o local em ponto turístico.
Ao entrar na São João, os visitantes têm contato com acervo do ciclo do charque que, por volta de 1880, chegou a concentrar mais de 35 charqueadas em Pelotas. Ao receber cada escola e resgatar o que ocorria naquelas terras, a filosofia tem sido apenas uma: "A gente não bota pra baixo do tapete a história desumana. Queremos valorizar os escravizados, mas falar também no seu legado", sustenta. E o legado é vasto: passa por música, dança, religião, culinária, arquitetura... São inúmeras contribuições a enaltecer.
Saiba também!
- Saint-Hilaire pode ter sido uma das primeiras figuras ilustres a hospedar-se na propriedade, mas está longe de ser a única. Na década de 1950, outros dois nomes que mais tarde ganhariam repercussão nacional e mundial também estiveram por ali. Em 1952, foi a vez do futuro presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, quando pesquisava sobre o tema escravidão. Em 1957, um ano antes de levantar a taça de campeão da Copa do Mundo, foi Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, quem circulou pelo imóvel.
- Nos anos 2000, a São João virou cenário a minisséries da Rede Globo. Em 2002, foi A casa das sete mulheres, baseada no romance homônimo da escritora gaúcha Letícia Wierzchowski. Em 2012, foi O tempo e o vento, adaptação de um dos maiores clássicos da literatura gaúcha, do autor Érico Veríssimo.
Agende visita às charqueadas!
* São João: Telefones - (53) 98133-5670 e 98128-0359
WhatsApp - (53) 3015-1810
* Boa Vista: WhatsApp - (53) 99982-6116
* Costa do Abolengo: WhatsApp - (53) 98148-4004
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