Clima
Chuvas continuam causando estragos e transtornos na região
Nesta quarta houve registro de rodovias interrompidas, barragens rompidas e mais desabrigados na Zona Sul. Em Pelotas, acumulado no mês é o maior dos últimos 52 anos
Foto: Divulgação - Em Pelotas, diversas ruas estão alagadas
O terceiro dia consecutivo de chuvas esta semana na Zona Sul chegou batendo recordes e causando mais transtornos e estragos em toda a região. Em Pelotas, o acumulado de chuvas desta semana consolidou o mês de setembro deste ano como o mais chuvoso dos últimos 52 anos. Até agora, segundo o Sanep, já foram registrados 342 milímetros (mm) de chuva no Município. Na região, os maiores acumulados das últimas 48 horas foram registrados em São Lourenço do Sul, com 124,2mm, e Pedro Osório, com 113 mm. A seguir, a reportagem traz os principais impactos causados pelas chuvas em toda a região até o fim desta quarta-feira.
Situação de emergência em Pedro Osório
Com o Rio Piratini cerca de oito metros acima do leito, a passagem pela Ponte da Orqueta continuava obstruída no fim desta quarta. Também continuavam alojadas no Salão Paroquial as 16 famílias retiradas de suas casas no Município. Outras 210 famílias também foram removidas e estão instaladas na casa de familiares e amigos. "Essas pessoas são somente da parte ribeirinha da cidade. Na zona urbana ninguém foi afetado", explica o responsável pela Defesa Civil Municipal, Lauri Centeno.
Esta semana, o Município decretou situação de emergência devido aos estragos das chuvas. Até a sexta-feira, as aulas da rede municipal serão realizadas de forma remota e o transporte para o interior continua suspenso. Nesta quarta, o Município recebeu dois mil quilos de alimentos do Poder Judiciário para distribuir às famílias afetadas. "Todas as pessoas retiradas de suas casas receberão kit alimentação, higiene pessoal e limpeza", garante Centeno. A previsão é que, conforme as condições meteorológicas, as famílias comecem a retornar para suas casas a partir deste fim de semana.
Inundações em São Lourenço
Em São Lourenço do Sul, a situação é de alerta para inundações, com os arroios São Lourenço e Caraá em elevação. Segundo a Prefeitura, o arroio São Lourenço não estava dando vazão por conta da direção do vento, que represou as águas, gerando condições de inundação. Com apoio da Brigada Militar e dos Bombeiros, pessoas em áreas de risco foram resgatadas ao longo desta quarta. Até o fechamento da edição, 24 pessoas estavam abrigadas em alojamento montado no salão da Comunidade Nossa Senhora de Fátima. Até sexta, as escolas públicas e privadas do Município as atividades continuam suspensas.
Barragens rompidas em Canguçu
Com todas as Unidades Básicas de Saúdes (UBSs) do interior fechadas e as aulas de toda a rede municipal suspensas até sexta, a situação em Canguçu se agravou nesta quarta-feira. No Assentamento Renascer, no 5º Distrito, houve o rompimento de duas barragens, onde criações de gado e ovelhas teriam sido levadas pela força da correnteza na direção do Rio Camaquã. Não houve nenhum dano aos moradores ou às residências. No interior, a maioria das pontes estão submersas e, ainda na terça-feira, foi decretada situação de emergência no Município.
Alerta continua em Jaguarão
Sem rajadas de vento e com chuva fraca e persistente ao longo desta quarta-feira, a situação em Jaguarão é considerada estável. "O nível do rio está se mantendo, com leve baixa. A última atualização, que foi por volta das 15h30min, estava aproximadamente 2,20 metros acima do normal", explica o representante da Defesa Civil no Município, Júlio Padilha. Desde o dia 8 de setembro, quando foram registradas as chuvas mais intensas, cerca de 35 famílias ribeirinhas foram removidas para casas de parentes e amigos. Não há, até o momento, registro de desabrigados.
Até o dia 18 de setembro, o transporte escolar está suspenso no Município. Segundo Padilha, as autoridades continuam monitorando atentamente as regiões e moradores das margens do Rio Jaguarão. "Enquanto estivermos recebendo alertas da Defesa Civil do Estado, estamos orientando as famílias a não retornarem às suas casas. Entendemos que ainda não é o momento", complementa Padilha.
Abertura de abrigos em Rio Grande
No fim desta quarta, a Paróquia da Vila da Quinta, região mais atingida pelas chuvas, continuava em sua capacidade máxima de lotação, com 90 pessoas abrigadas. Ao longo do dia, a Defesa Civil esteve monitorando as comunidades residentes na Ilha dos Marinheiros, onde a Lagoa do Simões registra aumento do nível das águas. A expectativa é que, nesta quinta, junto aos bombeiros, as autoridades se desloquem de barco para averiguar a situação onde não há acesso por terra. "Estamos montando outro abrigo, também na Vila da Quinta, caso os moradores das ilhas precisem sair de suas residências, já que é o lugar mais próximo e que tem a estrutura necessária", explica o ordenador da Defesa Civil em Rio Grande, Rudimar Machado.
Nesta quinta-feira (14), a rede municipal também continua com as atividades suspensas. Ao longo da semana, foram centenas de atendimentos à comunidade com lonas e outros donativos. "Desde o início desse evento climático foram, sem dúvida, cerca de seis ou sete mil atendimentos", estima Machado.
Atividades suspensas em Pelotas
Com pontos de alagamento registrados em toda a cidade, principalmente nos bairros Laranjal e Toussaint, as atividades das escolas municipais continuam suspensas nesta quinta. A interdição de estradas e 11 pontes da Zona Rural, e também da ponte da Colônia Z3, causou a suspensão de atendimentos nas UBSs Laranjal e Z3 e de todas as unidades da Zona Rural nesta quarta. Enquanto 68 pessoas foram recebidas na Casa de Passagem na noite de terça para quarta, também foram realizados oito pedidos de lonas, dois pedidos de telhas e dois registros de árvores caídas. Algumas linhas do transporte coletivo, como Areal circular, Bom Jesus, Querência, Passo do Salso e Terezinha, operaram com o trajeto alterado ao longo do dia por causa de alagamentos.
Arroio Grande registra estabilidade
Enquanto a Defesa Civil Municipal, com o auxílio do Exército, segue monitorando o nível do arroio e da Ponte do Simão, a situação continua dentro da normalidade nesses locais. No interior, na região do Liscano, oito famílias foram atingidas pela água, mas não precisaram sair de suas casas. Em Santa Isabel, uma família está alojada nas barracas montadas pelo Exército e outra deixou os bens materiais na igreja da região por prevenção. Na estrada da Solidão, pontos de alagamento também continuam sob monitoramento das autoridades.
Previsão do tempo
Segundo o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPPMet/UFPel) e a Sala de Situação do Estado, um sistema de baixa pressão que passou pelo Estado em direção ao oceano reforçou a atuação de áreas de instabilidade nesta quarta. Nesta quinta-feira, essa instabilidade ainda deve ocasionar chuva na madrugada e no início do dia, e toda a região continua em estado de alerta. No entanto, no decorrer do período, uma massa de ar seco e frio volta a atuar e, a partir de sexta, a expectativa é que haja temperaturas mais baixas e tempo firme em todo o Estado.
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