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Destino do Eco-camping segue indefinido
O local está fechado há mais de dois anos por falta de licenciamento ambiental
Carlos Queiroz -
O 2015 foi o último ano em que Lúcia Alves visitou o Eco-camping de Pelotas com a família. Hóspede por cinco temporadas, levou um susto quando chegou ao local em 2016 e deu com a cara na porta. O camping encontrava-se fechado por falta de licenciamento ambiental, situação encontrada até os dias de hoje. O destino do lugar, que fica em uma área de preservação permanente às margens da Lagoa dos Patos, ainda é indefinido.
O Eco-camping foi construído em 1981, em uma época em que ainda não havia legislação tratando de assuntos ambientais - a lei que tipifica os crimes ligados ao assunto foi criada em 1998. No fim de 2014, o camping foi notificado por falta de licenciamento ambiental. Segundo o capitão Avelino, da Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram), órgão que emitiu a notificação, a área ocupada é de preservação permanente da mata nativa, por isso não pode ser usada para a exploração econômica. Outros problemas encontrados foram o descarte irregular de lixo e um sistema de esgoto inadequado. Transformar o local em uma unidade de conservação ambiental é, de acordo com o capitão, uma saída viável do ponto de vista da legislação.
Esse é um dos prováveis destinos do camping. Atualmente, quem administra o lugar é a Empresa do Terminal Rodoviário de Pelotas (Eterpel). Porém, segundo o presidente da autarquia, Jorge Vasques (PSB), é possível que a responsabilidade passe para a prefeitura, a encargo da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA). O secretário da pasta, Felipe Perez, afirma que estão sendo feitos estudos para avaliar as condições de transformar o local em uma unidade de conservação ambiental. A previsão é que a análise seja finalizada em setembro deste ano.
O vereador Fabrício Tavares (PSD) foi quem apresentou o projeto para transformar as áreas do Eco-camping, Mata do Totó, orla do Balneário dos Prazeres, mata nativa do Laranjal, Altos do Laranjal, Pontal da Barra, margens do Arroio Pelotas e da chácara da Brigada Militar em uma unidade de conservação ambiental. Segundo o vereador, existe um fundo estadual para fomento dessas unidades e, atualmente, há R$100 milhões disponíveis para novos projetos. Caso a proposta se concretize, será possível buscar recursos deste fundo para, por exemplo, qualificar o Eco-camping e preservar a Mata do Totó.
Condições precárias
Devido à baixa manutenção e aos estragos causados pela chuva e por ventos fortes, o camping encontra-se em situação precária. Miguel Gonçalves, funcionário público, mora no local e é responsável por cuidá-lo. Lembra com saudade da época em que cabanas e os espaços para barracas ficavam lotados. “As pessoas faziam fila para locar uma barraca”, conta. Ele ainda se esforça para manter a estrutura em boas condições. Para isso, conta com ajudantes especiais - três cavalos são responsáveis por aparar a grama, alimentando-se da vegetação, e cinco cachorros colaboram com a segurança do lugar.
As 20 cabanas que abrigavam os visitantes estão lacradas e de fora se vê a degradação causada pelo tempo. A pracinha já não tem mais condições de receber as crianças e a churrasqueira precisa ser reformada. Na quadra de vôlei, só resta a demarcação, pois a rede já não existe mais. Nos lotes para acampamento e nas casinhas não há mais energia elétrica - este é um luxo presente apenas na parte da frente do Eco-camping, onde Miguel e sua família residem.
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