Parabéns
Dos povos indígenas ao universitário
Esta história bimilenar humildemente contada na data em que Pelotas celebra a elevação a Freguesia São Francisco de Paula
Infocenter -
Este pedaço plano e doce de chão não completa 205 anos hoje - a Freguesia São Francisco de Paula, sim. São pelo menos 2.500 anos desde que índios charruas e minuanos se instalaram nos espaços que hoje são chamados de Lagoa dos Patos e Lagoa Mirim. Esta história bimilenar humildemente está contada ao longo das páginas que seguem.
Na leitura, você leitor ou leitora vai saber, por exemplo, caso ainda não saiba, que os habitantes pré-coloniais destas terras permanecem por aqui. Resistem os índios, em Pelotas e nas cidades fronteiriças, após séculos de aniquilamento vindo de todos os lados.
O primeiro povo a enfrentá-los foi o português, ainda no período colonial, quando, temendo invasões espanholas, vieram açorianos, lusos oriundos de Braga, Porto e Aveiro, bascos (franceses radicados no Uruguai), paulistas e cariocas radicados na Vila do Rio Grande. Após estabelecerem-se na cidade, desde já influenciando culturalmente as zonas rural e urbana de Pelotas, estes imigrantes fizeram do município potência econômica sustentada com sal, carne de gado e sangue do negro.
Com Pelotas enriquecendo rapidamente, foram para cá atraídos pomeranos, italianos, alemães e franceses, através de oportunidades de trabalho em lotes recém-adquiridos na Lei de Terras. Não sabiam eles que naqueles espaços rurais nada havia além de mato e pessoas e novamente foram aniquilados os índios.
No século 20, já estabelecida urbanamente através de dois principais pilares, Banco Pelotense e Theatro Sete de Abril -, Pelotas se torna ainda mais poliglota. Migra para cá, a fim de escapar dos constantes conflitos civis, o povo libanês, até hoje presente na cidade na gastronomia, no comércio, nos sobrenomes árabes. A cidade também passa a falar japonês, através de pequena colônia também existente nos dias atuais no Arroio Moreira; o espanhol, por conta de imigrantes uruguaios que nos ensinaram nova maneira de comer carne. É nesse momento, da mesma forma, que Pelotas reforça com doçura os laços com Portugal e passa a crer também no islã por conta da presença palestina.
Finalmente, nos dias atuais, a cidade recebe índios caingangues, haitianos e senegaleses e se torna mais brasileira a partir da presença de estudantes da Universidade Federal de Pelotas que, oriundos de outros estados, veem em Pelotas uma oportunidade de amadurecimento e liberdade, estudo e diversão.
O historiador e professor do Instituto de Ciências Humanas da UFPel (ICH-UFPel), Fábio Cerqueira, afirma que imigração significa renovação. “Traz pensamentos e culturas diferentes. Pelotas teve uma diversidade de imigração no seu momento de maior dinamismo. Depois, com o declínio, ficou muito provinciana, muito fechada, ali a partir dos anos 1970, voltando a crescer culturalmente agora com os estudantes.”
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