Greve
Em primeiro dia de greve, servidores do HE-UFPel realizam manifestações
Categoria reivindica reajuste salarial referente aos últimos três anos e meio; paralisação é por tempo indeterminado
Lucas Kurz -
No primeiro dia de greve, nesta quarta-feira (21), os servidores do Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) se revezaram em grupos por turnos para realizar manifestações em diferentes pontos da cidade. Em paralisação por tempo indeterminado, categoria reivindica da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) reajuste salarial referente aos últimos três anos e meio sem correção inflacionária. Em todos os setores há um mínimo de 30% de trabalhadores para garantir o atendimento essencial.
Dezenas de profissionais do turno da tarde do HE-UFPel percorreram diversos locais movimentados do Centro de Pelotas, como Calçadão e largo Edmar Fetter, com cartazes e gritos de ordem para chamar a atenção do público sobre as pautas, bem como os impactos que elas têm no atendimento de saúde. De acordo com a categoria há mais de três anos há tentativas de um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) com a empresa - responsável pela gestão dos hospitais universitários federais - mas sem nenhum sucesso.
"São mais de três anos tentando discutir os ACTs. A paralisação hoje é pela ACT 22/23. A nossa briga é por respeito, queremos que a empresa pare e converse com nós", declara o diretor do Sindicato dos Servidores Federais do RS (Sindiserf-RS) e enfermeiro do HE-UFPel, Jaques Boeno.
O servidor explica ainda que em todos os setores do hospital estão sendo mantidos o mínimo de 30% de trabalhadores e que em áreas mais urgentes como Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), maternidade e bloco cirúrgico há um percentual maior de profissionais atuando. Boeno ressalta também que a categoria está mantendo conversa direta e cordial com a direção do hospital para não haver nenhum paciente desassistido.
Durante as mobilizações os servidores contam que não era o desejo deles estarem em greve. A medida seria necessária para manifestar as insatisfações devido a perdas salariais, além da desvalorização no ambiente de trabalho. O diretor do Sindiserf-RS cita como exemplo da falta de condições adequadas a ausência de máscaras, que teria ocorrido durante a pandemia no HE-UFPel, quando os profissionais teriam enfrentado o desabastecimento do item básico de proteção contra a Covid-19. "A gente vinha com a nossa máscara até a porta do hospital e trabalhava sem lá dentro. Nós não tínhamos máscaras para trabalhar. São desrespeitos um atrás do outro, é um cansaço e sentimento de desvalorização muito grande", critica.
Em contraponto, a direção do hospital afirma - através da assessoria de imprensa - que nunca teria ocorrido a falta do Equipamento de Proteção Individual (EPI).
Demanda crescente
Enfermeira no HE-UFPel há sete anos, Sara Lopes, aponta que a categoria está desmotivada. De acordo com ela, mesmo passado o período crítico da pandemia, a demanda de atendimentos aumentou consideravelmente, pois muitos pacientes estão desenvolvendo outras doenças como sequelas da Covid-19. "Nós estamos trabalhando esgotados, sem valorização, sem reposição salarial, não tem como, não conseguimos pagar as nossas contas".
O que diz a Ebserh
Em nova nota, no final da tarde desta quarta-feira (21), a Ebserh informou à categoria que a relatora do dissídio coletivo no Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministra Delaíde Arantes, determinou o percentual mínimo de manutenção de trabalhadores, em seus respectivos locais de trabalho, na base de 50% em cada área administrativa e de 60% para cada setor médico e assistencial.
A empresa ainda ressalta que apresentou no TST pedido para a análise dos Acordos Coletivos em curso, requerendo o julgamento imediato do dissídio coletivo, inclusive quanto aos ACTs em aberto. Em decisão proferida pelo Tribunal, na última terça-feira, o processo já se encaminhava para julgamento do mérito, mas para que isso ocorra as entidades sindicais precisam peticionar concordando com o julgamento imediato pelo TST - destaca o documento.
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