Prevenção

Esperança para quem espera há três anos pela mamografia

Equipamento digital passa a funcionar no Hospital Escola e vai aumentar em 33% o total de realização de exames este mês

Divulgação -

Queli Xavier, de 49 anos, até tenta seguir as orientações médicas de que a prevenção ainda é o melhor remédio. Mas o sistema não ajuda. Com casos de câncer de mama na família, ela costumava realizar o exame preventivo todos os anos, até 2018, quando conseguiu o encaminhamento do Instituto Buquê do Amor (IBA). Já o pedido feito em 2019 até agora não foi concretizado e a preocupação avança a cada dia que passa. "A pandemia chegou e tudo parou. Mesmo assim eu monitorava para saber minha situação", conta. Vítima da crise econômica gerada durante o contexto pandêmico, Queli ficou desempregada e não teve como arcar com um exame particular, que custa em média R$ 250,00 em Pelotas. A notícia de que um novo e moderno equipamento vai entrar em atividade pelo Sistema Único de Saúde (SUS) anima a paciente.

O mamógrafo digital do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel), que passa a funcionar a partir desta quinta-feira (2), faz com que a dona do lar Carla Rejane Vellozo, de 48 anos, também tenha mais esperança diante do sentimento de insegurança que a ronda desde que a irmã, que mora em Caxias, teve câncer de mama em 2020. Sem retorno da prefeitura e diante de um caso em um familiar próximo, ela aproveitou a promoção de um laboratório particular durante o Outubro Rosa e pagou R$ 90,00 pelo exame. No ano seguinte, tentou uma nova solicitação, sem resposta. "O mais engraçado é que minha mãe e uma outra irmã foram chamadas e eu não", relata. Recentemente Carla recebeu um documento indicando que sua requisição não consta no sistema Aghos (de Administração Geral dos Hospitais). "Eu ficaria feliz se a fila terminasse, mas, sinceramente, não acredito que isso vá ocorrer."

Fila deve andar
Para colocar em dia o tempo que o antigo mamógrafo do HE ficou em reparo, o hospital irá oferecer mais exames do que os 600 mensais, conforme consta no contrato com a Secretaria de Saúde (SMS) de Pelotas. De acordo com a assessoria de comunicação do hospital, esta é uma compensação, sendo que para este mês estão previstos 800 procedimentos - um acréscimo de 33,33% -, com estimativa de chegar a mil nos próximos meses.

A agilidade poderá suprir a demanda atual de 3.469 pelotenses e outros 83 pacientes de outras cidades em quatro meses, previsão feita pela SMS. Conforme a secretária de Saúde, Roberta Paganini, a fila existe desde 2019 e foi se alongando durante a crise sanitária. A conta para estipular esse prazo parte dos contratos do município com os hospitais, que somam 720 procedimentos por mês, mais os custeados pelo Programa Saúde Ativa - quando o Executivo complementa o valor da tabela SUS (de R$ 26,00 passa para R$ 80,00) para incentivar a realização dos procedimentos - mais 385. Para zerar a fila até setembro, no entanto, nenhum encaminhamento poderá ser feito a partir desta quinta.

A coordenadora do Instituto Buquê do Amor (IBA), a agente de saúde Janice do Santos, está esperançosa. "O aparelho vai fazer toda a diferença no trabalho da instituição, uma vez que elas tendo mamografias, a gente consegue o ultrassom e a biópsia", garante. Para ela é inadmissível que Pelotas tenha ainda tanta demanda reprimida.

Sobre o equipamento
Com um investimento de mais de R$ 910 mil, o novo equipamento possui imagem com mais qualidade, eficiência, assertividade e confiabilidade diagnóstica, menor dose de radiação e maior rapidez na realização do exame, além de oferecer mais conforto aos pacientes. O recurso veio através do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf) no final de 2021, oriundo da redistribuição de valores não executados na rede Ebserh, para hospitais que estavam com processos licitatórios concluídos e com capacidade administrativa de executar o recurso, como foi o caso do HE UFPel.

"O mamógrafo digital proporciona maior qualidade e traz a possibilidade de ampliar a oferta de exames, cumprindo o papel do Hospital Escola na rede de atenção à saúde da mulher, através do rastreio e diagnóstico precoce do câncer de mama, o que leva a melhores desfechos", destacou a superintendente do HE, Carolina Ziebell.

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