Decisão
Estado marca data para licitar ponte
Reivindicação antiga dos moradores de Piratini, que várias vezes ficaram ilhados, parece que será atendida
(Foto: Paulo Rossi - DP)
O governo do Estado anunciou a data para licitar a construção de ponte sobre o Arroio do Costa e acessos na rodovia ERS-702: será no dia 17 de novembro, às 10h. A nova travessia será erguida ao lado da Ponte do Costa, responsável por ligar a BR-293 ao município de Piratini. A travessia sofre o desgaste do tempo e só recebe soluções paliativas, ficando cada vez mais fragilizada. Já foi interditada várias vezes nos últimos seis anos, deixando os moradores de Piratini praticamente ilhados. Só em 2016 o tráfego foi suspenso três vezes no local.
Os moradores, ressabiados por nunca terem tido a antiga reivindicação atendida, recebem a notícia ainda com o pé atrás. É o caso da proprietária de um supermercado de Piratini, Márcia Weege, que se diz calejada de tanto esperar em vão. A ligação atual foi construída há 81 anos e não tem estrutura para a passagem de cargas pesadas. As alternativas de desvios são a rodovia municipal, que aumenta o trajeto em 20 quilômetros, ou a ERS-265 (via Canguçu), sendo que ambas as estradas não são pavimentadas.
A nova ponte terá duas vias e capacidade para suportar 45 toneladas. Vai permitir a passagem de bitrens e viabilizar o transporte de soja e madeira na região. O Daer informa que o processo para a construção da nova ponte já está na Central de Licitações do Estado (Celic) e o empreendimento está orçado em R$ 7.385.540,34, recursos oriundos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). O prazo para conclusão é de 18 meses (540 dias), a contar do recebimento da autorização de serviço.
A Ponte do Costa apresenta péssimas condições de infraestrutura, o que preocupa a população de Piratini, que já se mobilizou muitas vezes. Além dos buracos que surgem na pista com frequência, existem limitações de altura e peso para transitar pela ligação, o que afeta a entrada e a saída de produtos no município. Foi até protagonista de uma situação inusitada: uma árvore cresceu e ultrapassou a ponte, entrando por um grande buraco que se abriu na via.
Conforme Márcia Weege, as empresas não querem fazer entregas em Piratini pelo péssimo estado da ponte. “Carreta não chega e cargas fechadas, com óleo e açúcar, chegam por Canguçu, usando estrada de chão e encarecendo um monte o custo”, comenta. Além disso, a comerciante relembra que nos primeiros dias da Semana Farroupilha deste ano surgiu outro buraco enorme na via, o que também obrigou participantes e turistas a aumentar o trajeto. “Muitos desistiram”, acrescenta.
(Foto: Paulo Rossi - DP)
Atraso à cidade
Para a empresária trata-se de um atraso para a cidade, sem contar os riscos de acidente que oferece. Muitos com vítimas fatais já foram registrados. “É difícil, são anos e anos esperando e não sei se vai ser para a gente ver”, completa, ao se referir à nova ponte. O comerciante Rudi Leitzke considera o anúncio motivo para festejar, pois a obra interessa muito a cidade, que já ficou ilhada várias vezes.
Na descrição do secretário executivo do Sindicato Rural de Piratini, Luciano Marretti, a Ponte do Costa é um funil que filtra a chegada do progresso e a saída de matéria-prima do município. Várias empresas deixaram de se instalar em Piratini, conforme ele, por causa da dificuldade do acesso da única travessia. A empresa que recebe a maior carga da região tem silos em Pelotas e próximo a Santana da Boa Vista, pela precariedade de escoamento.
A agricultora Carmem Tunes tem 51 anos e há 23 mora próximo à Ponte do Costa. Do alto de sua casa avista a estrutura de ferro da ligação, completamente enferrujada pela ação do tempo. “Não sou daqui, mas meu marido é e ele me conta que quando fizeram essa ponte não tinha o trânsito de hoje. Eu não passo nem a pé por ela, porque já vi por baixo como está. Nem com banda de música me animo a passar”, afirma.
Relembre
Em janeiro deste ano os moradores de Piratini, liderados por empresários, comerciantes e agricultores, bloquearam a BR-293 por mais de uma hora, em protesto contra as péssimas condições da Ponte do Costa. Caminhões, automóveis e ônibus ficaram presos em uma fila de cinco quilômetros durante a mobilização da comunidade, que amarga prejuízos na arrecadação, com a falta de acesso ao município, assim como queda nas vendas do comércio. Além disso, há uma grande preocupação com a colheita de soja, visto que os veículos de grande porte não conseguem passar pela única ligação de asfalto à Capital Farroupilha.
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