Cinema
Festival destaca a produção escolar
Escolas disputam os prêmios de Melhor Filme, Ator, Arte, Montagem e Produção
Gabriel Huth -
Duas escolas de Pelotas foram selecionadas com três curtas produzidos em 2016 para concorrer ao 3º Festival Primeiro Filme, que teve 123 trabalhos inscritos em todo o Rio Grande do Sul. A Escola São Francisco de Assis (Esfa) disputa os prêmios de Melhor Filme e Melhor Ator com uma película, e a Santa Mônica, Melhor Arte, Melhor Montagem e Melhor Produção, com duas. A cerimônia de premiação ocorre no dia 7 de outubro, às 19h, no Átrio do Santander Cultural.
Os alunos participantes das duas escolas, todos adolescentes, com idades entre 14 e 16 anos, vivem um misto de ansiedade, alegria e emoção por terem sido selecionados. É unanimidade que se tratou de um trabalho prazeroso, que possibilitou uma vivência e um aprendizado maior. Houve até quem descobrisse um talento escondido e a intenção de continuar na arte.
Na Esfa, a professora Cristiane Aldavez deixou a gurizada escolher o gênero do filme. Eles optaram por cinema mudo, em preto e branco. As tomadas foram feitas na própria escola e no Parque da Baronesa. “Tudo foi feito por eles, eu não me meti em nada”, relata Cristiane. Ao todo foram feitos sete filmes e três deles foram enviados para para participar do festival, sendo selecionado Idi e Ota, uma dupla sem limites. O protagonista Rafael Farias de Corrêa, 15, concorre ao prêmio de melhor ator no certame. “Foi uma surpresa”, diz ele, com sorriso estampado no rosto.
A história resultou de uma criação coletiva e bem-humorada, que arranca risos de quem assiste. Foi gravada por celular, em dois dias de locações. Aborda também a questão dos transgêneros e está disponibilizada no YouTube. Conforme a professora, este ano os filmes terão roteiros baseados em obras literárias. Participaram os alunos Maria Caroline Gomes, Rafael Corrêa, Rodrigo Curi, Roberta Corrêa, Bruna Perleberg, João Vitor Mortágua, Letierre Silveira e Felipe Dobik. Como a Esfa não tem Ensino Médio, todos já estão em outros colégios.
Na Santa Mônica, 11 alunos de duas turmas foram responsáveis pela montagem de Morte e vida severina e Sentimento do mundo em “Lembrança de Itabira”, os dois classificados entre os oito inscritos. Com base em clássicos da literatura, os filmes foram totalmente produzidos pelos estudantes, sendo as cenas gravadas com câmera e celular, em locações no Parque da Baronesa, Laranjal, Catedral Metropolitana de São Francisco de Paula, Mercado Central, praça Coronel Pedro Osório e Castelo Simões Lopes. Transformaram poesia em roteiro, explica a coordenadora de projetos e professora de Artes, Fernanda Ott.
Mais do que isso, eles reconstruíram o que conseguiram captar em sala de aula e se descobriram como atores, cenógrafos, diretores, desenvolvendo potencialidades que no currículo das áreas não têm essa chance, comenta a professora de Filosofia, Daniele Bender Corrêa. “Foi uma experiência diferente de todos os trabalhos e muito divertida”, fala Isadora Rosa, 14. Para Arthur Fiss, 14, o orgulho é imenso de todo o grupo, que se comprometeu e descobriu vocação para atuar. “Uma evolução artística e pessoal”, completa.
Os trabalhos integram o Circuito Cultural da Escola Santa Mônica. Participam das duas obras na Santa Mônica, Luiz Otávio Batista, Guilherme Ornel, Marcus Vinícius Pereira, Carolina Valverde, Arthur Fiss, Natalia Braga, Isadora Rosa, Manuela Soares, Giovana Nizoli, Julia Silva e Julia Netto.
O Festival
Foram 123 filmes inscritos por estudantes de 52 colégios, de 25 diferentes cidades gaúchas, recorde absoluto na trajetória do festival, ressalta o cineasta Carlos Gerbase, sócio-proprietário da Prana Filmes. A curadoria do festival fez suas escolhas preliminares e agora o júri composto por quatro pessoas decidirá os prêmios. Lançado em 2012 pelo Santander Cultural e pela Prana Filmes, o certame objetiva melhorar a linguagem cinematográfica do Estado.
A capacitação dos profissionais ocorre em oficinas ministradas por Gerbase. O festival faz parte do Projeto Primeiro Filme, que promove a educação audiovisual através da criação de ferramentas específicas e estratégias conjuntas com as escolas. Inclui programas de capacitação audiovisual para professores da rede de ensino. Entre 2012 e 2017, 791 profissionais foram treinados.
Os estudantes podem inscrever curtas ficcionais, documentais ou híbridos. Além das produções de ensino básico, são aceitos filmes feitos por ONGs que trabalhem com o ensino de audiovisual, assim como também há categorias específicas para curtas feitos por alunos do ensino especial e EJA. Segundo o assistente de produção da Prana, João Pedro Teixeira, nas duas primeiras edições do festival, 92 filmes foram inscritos, resultado do trabalho de 777 estudantes, de 42 escolas diferentes.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário