Pandemia
Menos de 20% das crianças com 3 e 4 anos foram vacinadas
Etapa já está liberada para segunda dose da CoronaVac, mas a grande maioria sequer foi levada para dar início à imunização contra a Covid-19
Jô Folha -
Crianças com três e quatro anos que foram imunizadas contra a Covid-19 logo no começo da liberação para esta faixa etária, a partir de 25 de julho, já podem buscar a segunda dose. Dados atualizados da Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas (SMS) apontam, entretanto, que apenas 1.310 crianças - de um total de 8.058 - foram levadas para tomar a primeira dose, o que corresponde a 16,25%. E o índice preocupa a direção da Vigilância em Saúde.
A baixa procura pode ser atribuída a dúvidas dos pais, principalmente quando os filhos apresentam síndromes gripais ou até pela pouca idade. A diretora Aline Machado afirma que é possível que a sazonalidade dos vírus respiratórios de inverno tenham influenciado os números, pois a orientação é de que nenhuma pessoa com sintomas seja vacinada enquanto esses sinais persistirem. No entanto, a enfermeira reforça que, tão logo o quadro seja resolvido, os pais e responsáveis devem levar os pequenos para receber a imunização. Assim estarão mais protegidos.
“Esperamos que com a melhora das temperaturas e a diminuição dos vírus respiratórios, mais crianças iniciem o esquema vacinal”, destacou Aline. A diretora salienta que o município está com campanha de multivacinação de crianças e adolescentes em andamento e esse público, de três e quatro anos, está apto também para participar e receber a vacina da poliomielite e de outras do calendário nacional.
Dose dupla
Débora Bonow, 37, mãe das gêmeas Estela e Betina Bonow da Silva, com quatro anos e dez meses, pensou em esperar até novembro, quando as filhas completam cinco anos para entrar em outra faixa etária. “A médica orientou ao contrário, pois imunizando agora, antes mesmo do aniversário elas já estarão com as duas doses completas pelo calendário, já que o intervalo é de um mês.”
Na fila de espera, a primeira a receber a CoronaVac foi a Estela, que até então parecia tranquila. Mas bastou ver a injeção e sentir a picadinha para não conter as lágrimas. A próxima a ser imunizada, Betina, acompanhou tudo de perto e parecia mais segura que a irmã. Mas a reação foi a mesma. A segurança e carinho vieram do colo de Débora que soube lidar com naturalidade a situação. Logo as irmãs estavam posando com seus certificados de coragem e ganhando tatuagem (um coração) na mão. “É, doeu um pouco”, ambas confessaram à reportagem.
Sobre o imunizante
A médica pediatra Renata Jaccottet explica que a CoronaVac é uma vacina adequada às crianças em questão de segurança e resposta imune por utilizar uma plataforma muito tradicional (a de vírus inativado), usada há décadas em diversas vacinas aplicadas rotineiramente nesse público. “Um trabalho, realizado no Brasil, mostrou que a aplicação da CoronaVac em crianças de três a cinco anos gerou menos efeitos colaterais em relação à vacina da Pfizer, por exemplo. Não houve eventos adversos graves, hospitalizações e mortes registradas na pesquisa em todas as faixas etárias”.
Sobre sintomas, a enfermeira de plantão no posto de vacinação no Mercado Central, disse à mãe das gêmeas que elas poderiam ficar um pouco sonolentas ou mesmo sentir dor no local da aplicação, mas que tudo se resolvia com compressa de água. Com essas garantias, a profissional sempre indica aos pais a imunização, não só contra a Covid-19, mas também a Influenza que, segundo ela, também tem tido pouca procura e, com o retorno das aulas em agosto, teve aumento de casos de síndrome gripal. “É preciso respeitar a doença febril e esperar 30 dias. Mas se está com coriza ou um pouco de tosse, não contraindica a vacina”, garantiu a médica. Renata conta que alguns pais ainda têm receio e, por isso, ela enfatiza a eficácia e a importância da prevenção contra as formas mais graves da doença. “Mas claro que a decisão final é deles.”
Conheça alguns números
Entre o dia 29 de julho e a última sexta-feira, a SMS registrou o atendimento de 257 crianças entre três e quatro anos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Areal. Nesse mesmo período, 290 crianças da mesma faixa etária passaram pelo Pronto-Socorro de Pelotas (PSP). Em ambas unidades, os sintomas eram diversos, não especificamente gripe ou resfriado. De acordo com a Vigilância Epidemiológica da SMS, de 25 de julho a 25 de agosto, 19 crianças foram infectadas pelo coronavírus.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário