Por Vitória de Góes
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Uma tendência em crescimento no mercado de beleza masculina são as barbearias. Cada vez mais sofisticadas, algumas tentam destaque através do atendimento e serviços oferecidos. Mas o que vem chamando a atenção positivamente é que o espaço, majoritariamente ocupado por homens, vem contando também com a presença de profissionais mulheres. Em Pelotas, por exemplo, não é difícil encontrar barbeiras nesses estabelecimentos, e o número em busca de especialização também cresceu.

Na Barbearia da Duque, o time de profissionais conta com dois homens e duas mulheres, mais o casal, Amanda e Leandro Figueiredo, responsáveis pelo negócio. O espaço, aberto há sete anos, também tem percebido um aumento no número de barbeiras que buscam colocação no mercado.

Caroline Cursino, por exemplo, está há três anos no ramo. Ela trabalhava no comércio quando, durante a pandemia, viu a necessidade de procurar outras áreas que garantissem trabalho caso tudo fechasse. Então encontrou na barbearia uma oportunidade de recomeçar e hoje já adquiriu experiência em diversos estabelecimentos. A profissional divide espaço com outra colega, Roberta Abreu, que está há dois anos trabalhando no local.

“Eu fico feliz em poder ter essa troca no ambiente de trabalho com outras mulheres. Já trabalhei em barbearias que tinham apenas profissionais homens e a troca foi completamente diferente. Agora eu me sinto mais segura e tranquila”, relata Caroline.

Com a agenda lotada, ambas mostram a confiança que os clientes desenvolveram no trabalho prestado. Mesmo dentro de uma cultura que vê determinadas profissões como masculinas, aos poucos as mulheres têm conquistado espaço e quebrado padrões da sociedade.

Busca por profissionalização
No Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de Pelotas, a procura pelo curso de barbearia é sempre alta, mas, principalmente nos últimos dois anos, têm surgido mais alunas. Se antes as turmas eram apenas masculinas, hoje há sempre uma mulher junto ao grupo.

O professor do curso, Wagner Mendes, conta que desde que iniciou a dar aulas no Senac - há cerca de um ano -, já formou em torno de 50 alunos, dos quais cinco eram mulheres. Atualmente, outras três estão realizando o curso e, em seu negócio particular, Wagner treina mais uma barbeira.

“Apesar do mercado ainda ser bastante machista, tem muitas meninas interessadas no ramo. Até porque não é uma questão de gênero, lugar de mulher é onde ela quiser”, defende o professor.

Ele destaca que a presença feminina traz um outro olhar para o setor. “Nas aulas a gente percebe que elas prestam mais atenção na explicação, têm mais organização, comprometimento. E na prática desenvolvem técnicas sem nenhuma dificuldade, passam uma segurança, realizam um trabalho incrível”, ressalta.

Na turma atual, entre dez matriculados, três são mulheres. Milene Lerm e Juliene Pacheco iniciaram o curso há poucos meses, cada uma com uma motivação própria, mas compartilhando do mesmo desejo: empreender.

Milene é artesã e com a maternidade percebeu uma dificuldade para encontrar profissionais que atendessem crianças. Resolveu, então, fazer o curso não apenas para cortar o cabelo do filho, mas para abrir um espaço e atender essa faixa etária. “Por ser um ambiente bastante masculino também tem mulheres que não se sentem confortáveis de ir até o local com a criança”, explica.

Enquanto isso, Juliene ainda está concluindo o ensino médio, mas já decidiu que quer seguir no ramo da barbearia e por isso buscou a profissionalização. Sua ideia é, igualmente, abrir o próprio negócio. “É o que eu quero seguir mesmo, pretendo crescer nesse mercado e espero que as mulheres se destaquem bastante nesse ramo que é masculino, mas agora também feminino”, relata a estudante.