Saúde
Pesquisa recruta voluntários para estudo sobre câncer de próstata
Hospitais-escola de Pelotas e Rio Grande participam do projeto em parceira com o Moinhos de Vento
Carlos Queiroz - DP - Projeto busca cerca de 200 pacientes entre 18 e 78 anos de todo o País
Um estudo conduzido pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, em parceria com o Ministério da Saúde, está recrutando voluntários para o estudo de um acompanhamento menos invasivo e mais seguro de pacientes com câncer de próstata de baixo risco no SUS. Em Pelotas e Rio Grande, os hospitais-escola da UFPel e da Furg participarão da pesquisa.
Realizado dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS), o projeto está recrutando cerca de 200 pacientes entre 18 e 78 anos de todo o País. Para participar, é preciso ter diagnóstico de adenocarcinoma de próstata realizado nos últimos 12 meses, com toque retal com doença localizada, exame de PSA menor que dez nanogramas por mililitro (ng/ml) e biópsia prostática com Escore de Gleason menor ou igual a seis.
Iniciado em 2022, o projeto inclui 15 centros de tratamento oncológico do SUS, incluindo os HEs da UFPel e da Furg. Durante o processo, os participantes são avaliados por exame clínico, PSA, ressonância multiparamétrica de próstata e biópsia prostática, com a possibilidade de se evitar ou postergar tratamentos radicais em pacientes com câncer menos agressivo.
A pesquisa acontece dentro do VigiaSUS, que busca ampliar a oferta de serviços de atenção especializada em todas as regiões do País. O objetivo é incentivar e coletar dados de uma estratégia com potencial de diminuir em até 50% o número de intervenções por prostatectomias e/ou radioterapia em pacientes com câncer de próstata de risco favorável; realizar análise de custo-efetividade da estratégia de VA em relação à cirurgia e radioterapia; avaliar os desfechos oncológicos, qualidade de vida, diferenças étnico-raciais e aspectos econômicos.
Tratar o paciente, não a doença
O médico oncologista Jeziel Basso, do Hospital Moinhos de Vento, explica que, entre os diversos tipos de tumores de próstata, há os considerados de baixo risco, que não causam dor e têm um crescimento lento. Esses tumores não costumam trazer transtornos ao paciente, com baixo risco de complicações e óbito.
“Historicamente, o tratamento desse subtipo de baixo risco foi cirurgia ou radioterapia, só que esses tratamentos têm efeitos adversos, principalmente na função urinária, sexual, e até intestinal. O paciente pode ter um tumor que não vai causar transtornos e ele vai ter transtornos do tratamento. A gente cuida muito para evitar tratamentos excessivos e piorar a qualidade de vida da pessoa quando não é necessário”, explica o oncologista.
O estudo vai avaliar a eficácia no SUS de uma tendência na medicina mundial chamada de vigilância ativa, em que o paciente com tumores de baixo risco é acompanhado de perto através de exames, como ressonância, biópsia, toque retal e PSA, um exame que rastreia o câncer de próstata. Nos casos em que esses exames mostram evolução do câncer no paciente, então os médicos avaliam a adoção de tratamentos mais agressivos.
“Se o tumor ficar estável, o paciente segue em acompanhamento e não precisa fazer o tratamento”, diz. O oncologista ressalta que não é qualquer paciente que pode adotar esse tipo de acompanhamento. “É um paciente selecionado. Não são todos, mas é uma parcela bem importante. A gente estima que chegue a até 40% dos pacientes.”
Segundo o médico, a vigilância ativa já é uma prática comum no mundo inteiro, embora no Brasil ainda não seja uma prática corrente. “A ideia do estudo é estimular a vigilância ativa e levantar dados sobre esse acompanhamento no SUS. Por outro lado, a gente também vai fazer uma análise de o quanto esse tipo de tratamento impacta no orçamento do SUS. Tem o benefício, até econômico, de evitar cirurgias e radioterapia e o tratamento das complicações”, aponta.
Estudo já está em andamento
A oncologista Alessandra Notari é a responsável pela pesquisa no HE-UFPel. “O Hospital Escola é referência para oncologia em toda região sul. Atendemos 22 municípios e temos um grande volume de pacientes com câncer de próstata, então fomos selecionados para participar do projeto”, explica, dizendo que o estudo começou ainda no final do ano passado. Segundo a médica, no HE-UFPel já há quatro pacientes em acompanhamento dentro do estudo. A expectativa é de chegar a oito, no entanto, não há uma limitação de participantes.
“Já existem estudos que comprovam os benefícios dessa abordagem, a ideia é propor uma diretriz nacional nossa, que se sugira que esses pacientes sejam acompanhados com a vigilância ativa”, diz, explicando que o paciente é acompanhado por equipes da oncologia e da urologia. “O paciente é acompanhado por dois anos, e nesse período ele é acompanhado por exames de seis em seis meses”, detalha.
Em Pelotas, homens que se enquadram nos critérios e têm interesse em participar do estudo podem entrar em contato com o Centro de Pesquisa do HE-UFPel pelo telefone (53) 3284-4900, ramal 5219, pelo e-mail [email protected]. Também pode ir presencialmente na rua Almirante Guillobel, 221, bloco 3.
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