Ramon Andrade de Mello

Recidiva oncológica e os novos tratamentos

Médico oncologista, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove), em São Paulo, e médico pesquisador honorário do Departamento de Oncologia da Universidade de Oxford, no Reino Unido

Um diagnóstico de câncer traz forte impacto para pacientes e familiares. As primeiras orientações ajudam na compreensão da doença e a importância do tratamento. Nesse momento, o acolhimento do paciente com todas as orientações necessárias vai ajudá-lo a compreender as possibilidades de cura.

Nos casos de recidivas, a apreensão é ainda maior na maioria dos casos. Porém, o avanço de novos tratamentos têm contribuído para a remissão da doença, até mesmo para casos em que há metástase. Consideramos recidivas do câncer quando a doença reaparece. Se o tumor maligno retorna no mesmo lugar do primeiro registro da doença, é denominada de recidiva local. Já a recidiva regional ocorre na volta do câncer em linfonodos próximos da região do primeiro diagnóstico. O regresso da doença em outra parte do corpo, mesmo em órgão distante do primeiro registro, é considerado uma recidiva metastática distante ou metástase à distância.

Mesmo com o final do tratamento e não apresentando sintomas, o paciente passa por consultas médicas com frequência e o oncologista vai definir a melhor estratégia de acompanhamento e solicitar eventuais exames laboratoriais ou de imagens. Na maioria dos casos, consideramos o paciente curado da doença após cinco anos do tratamento, quando não há mais vestígio de tumores malignos. Até esse período, denominamos de remissão a fase sem sinais ou sintomas da doença.

Porém, há possibilidade de o câncer voltar após cinco anos. Muitas vezes, ele fica imperceptível para a maioria dos exames. Para se ter uma ideia da dificuldade, um tumor de um centímetro cúbico pode chegar a abrigar até um bilhão de células cancerosas.

O paciente curado ou em remissão da doença pode adotar medidas preventivas para evitar a recidiva do tumor. O controle do peso é fundamental. O excesso de gordura no corpo eleva o risco da doença porque o tecido gorduroso aumenta a produção do hormônio estrogênio e pode estar relacionado a um estado inflamatório sistêmico.

A prática de atividades físicas regulares, além de atenuar eventuais efeitos colaterais do tratamento contra o câncer, melhora a imunidade do paciente e contribui para reduzir o estresse e a ansiedade.

Uma das vertentes mais promissoras para o tratamento de câncer são as vacinas com RNA mensageiro (mRNA). O procedimento começa com uma biópsia do tumor do paciente. Em seguida, é feito o sequenciamento do genoma e o desenvolvimento do mRNA, que será introduzido no organismo para combater apenas as células cancerígenas.

Entre os estudos já realizados, está um ensaio clínico de pacientes com câncer de mama avançado, que receberam uma vacina após os tratamentos convencionais não exitosos. Em 15 anos, a taxa de recorrência da doença entre pacientes vacinados foi de 12,5%, contra 60% em pacientes que receberam o tratamento convencional e uma vacina placebo.

Os tratamentos com células CAR T também despontam como promissores para tipos de câncer de sangue, como leucemia e linfoma. O propósito do procedimento é ensinar o sistema imunológico a reconhecer e atacar as células cancerígenas. Os procedimentos acima inclusive foram aplicados com sucesso em pacientes com recidiva. O avanço dos estudos oncológicos traz boas perspectivas e já são realidade para muitos pacientes.


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