Por Eduardo Caputo

Quase toda criança fã de super heróis gosta de brincar de espadas. Digo quase toda, porque generalizar é algo complexo. Ainda não sei se isso permanece, mas já foi uma tendência. Nos saudosos anos 90 vários personagens históricos empunhavam suas espadas para lutar contra o mal e salvar a terra. E as espadas não somente tinham poderes específicos como a visão além do alcance, mas nomes também. A espada do poder, a espada justiceira, entre tantas outras que apareciam pelos desenhos animados na televisão. Afinal, não era uma espada qualquer.

Assim como no Brasil, onde é preciso cadastrar um CPF para realizar qualquer processo como abrir uma conta bancária ou contratar serviço de internet, na Terra do Tio Sam não é diferente, mesmo para estrangeiros. Depois de alguns dias já instalado por aqui, e com o número de seguro social em mãos (o que corresponde ao CPF), me dirigi à agência bancária mais próxima para abrir uma conta. Ao adentrar a agência logo fui atendido por um funcionário de nome latino: Jorge. Em virtude da grande quantidade de latinos por aqui, perguntar qual a nacionalidade da pessoa, depois de escutar o nome, é quase uma lei.

Ao saber que eu era brasileiro, Jorge me contou rapidamente sua história. Nasceu aqui, a mãe é porto-riquenha e o avô é brasileiro. Confidenciou que nunca foi ao Brasil, mas que gostaria muito. Fã do futebol brasileiro e ansioso para conhecer as praias e um pouco mais da cultura dos seus antepassados. Em um determinado ponto da conversa, ele me contou que no final de semana que passara havia feito um churrasco em família. De início, achei que era um churrasco estilo americano, com hambúrguer e cachorro quente, usando aquelas churrasqueiras grandes e com tampa, como vemos nos filmes.

Porém, ao contrário do que eu imaginara, Jorge me contou que comprou picanha, e fez abacaxi com canela! Um churrasco típico brasileiro, assado por um porto riquenho, nos Estados Unidos. Ao ser questionado por mim se havia usado uma grelha, ou aquelas churrasqueiras americanas, negou prontamente, e me disse que havia usado as espadas. Sim, é dessa forma que eles se referem aos espetos de churrasco. Se você colocar espeto no google tradutor, a tradução para o inglês não vai ser tão literal e perfeita assim.

Uma análise minuciosa do objeto, nos leva de fato a ver que um espeto tem várias semelhanças com uma espada. Mesmo que eu jamais tenha empunhado uma espada de verdade, a não ser as de plástico quando era criança. Talvez essa espada não conceda os "poderes de Grayskull" ou a "visão além do alcance", mas consegue assar uma carne de forma primorosa. Mesmo que, este que vos escreve já não faça uso de espetos ao assar churrasco. Sim, mesmo que haja críticas, eu preciso admitir: a grelha é o meu apetrecho favorito. Obviamente que apenas espetar ou "espadar" a carne não faz um bom churrasqueiro. A habilidade no conjunto da obra leva em conta outros fatores. Porém, é preciso admitir que essas espadas carregam um outro poder muito importante: o do sabor!