Editorial
Do papel à prática
O lançamento feito na sexta-feira pelo presidente Lula (PT) de retomada do Programa de Aceleração do Crescimento, com a criação de uma terceira etapa de investimentos pesados sobretudo em infraestrutura e habitação, merece ser destacado como uma das principais notícias da semana no Brasil. Primeiramente, por óbvio, devido ao grande volume de recursos previstos para aplicação ao longo de quatro anos. Conforme o divulgado pelo governo, trata-se de R$ 1,68 trilhão. Deste montante, a fatia que cabe ao Rio Grande do Sul é de R$ 75,6 bilhões. Inegavelmente, valores que chamam atenção e que, se de fato aplicados naquilo a que estão destinados neste momento, podem assegurar ganhos ao País, sempre tão deficitário em estrutura capaz de impulsionar o desenvolvimento. Contudo - e aí entra o segundo aspecto a ser observado sobre o PAC 3 -, ao mesmo tempo em que a notícia é positiva, carrega com ela certa desconfiança que paira sobre anúncios do tipo.
O pé atrás diante de anúncios de grandes obras não é à toa. Sem fazer muito esforço, qualquer leitor será capaz de enumerar uma série de investimentos que já foram dados como certos em algum momento e até hoje não saíram do papel ou, se começaram, não foram concluídos. E em diferentes tempos e variados governos, sejam eles federais, estaduais ou municipais. Para citar apenas exemplos bem próximos da população da Zona Sul, (não) estão aí creches do ProInfância que deveriam atender milhares de crianças e não foram construídas, a duplicação da BR-116 que se arrasta há quase 11 anos, o projeto do Hospital Escola da UFPel que também se alonga com apenas parte executado e assim segue.
Agora, a promessa do governo é que, com verba própria do orçamento da União ou através de PPPs e financiamentos, os investimentos prometidos virem realidade. Alguns deles, inclusive, fazem parte da longa lista de projetos inacabados que incluem dois dos citados acima. Para a Zona Sul, algo a ser celebrado. Se de fato os planos do PAC 3 forem aplicados à risca, em pouco tempo a região certamente contará com um outro patamar de infraestrutura e serviços. É o que todos esperam e torcem. Mas não sem adotar a cautela de quem está cansado de ver a prática diferente dos projetos e anúncios.
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