Marcelo Oxley

Ironia

O que vende mais televisivamente falando? Uma matéria que traz fatos de uma boa alimentação ou outra que apresenta discórdia e confusão? Essa é fácil!

Estamos vivendo num mundo diferente, por vezes vitimizado e por outras à mercê de imposições e preconceitos. Todavia, o “barraco” sempre estará lá, firme e forte. Como iríamos prosseguir o nosso dia se não comentássemos sobre as confusões, acaloradas, que o BBB apresenta com prazer e sabedoria às nossas famílias?

Lamentavelmente, milhões de pessoas, “estudadas” ou não, consomem um produto voltado para costumes ridículos e equivocados que, aliás, tenho minhas dúvidas se apresentariam para seus filhos. Ora, eles seguem os passos e a rotina daqueles que lhes deram a vida, não é verdade? E me digam: o que poderia repassar-lhes de bom um programa como esse?

“Na casa mais vigiada do Brasil”, não se pode conversar sobre assuntos decentes, pois a possível monotonia desse tópico deixa o programa sem expectativa e morno, colocando em xeque o poder de uma audiência. Precisamos plantar aquela “sementinha” que é bacana ver nos outros, mas quando é conosco não é legal. Pronto! Gozaremos de momentos educativos, preparados para dar-nos uma ideia de futuro. É tudo aquilo que nossos pais e professores nos ensinaram. Piada!

Numa rádio muito conhecida dos gaúchos, existe um quadro que fala de algumas programações como o BBB. Ironicamente, os comunicadores debatiam que deveria ter um momento de paz no programa, uma vez que os participantes quase estariam indo às vias de fato e que deveriam apenas se conter às discussões. Confesso que não compreendi: então quer dizer que palavrões, xingamentos, dedo na cara, gritos, desavenças, deselegância e histeria é correto? Que o inaceitável é qualquer coisa que possa fugir desse contexto cafona e triste? O que ainda pode ter sobrado para uma situação lamentável?

Sejamos sinceros: quando assistimos a um programa de culinária, logo vamos querer fazer um determinado prato. Quando contemplamos um jogo de futebol, sonhamos que nossos filhos possam ser jogadores. Quando apreciamos um apresentador e seu magnífico trabalho, colocaremos em pauta realizarmos uma faculdade de comunicação. E se optarmos por uma programação de Fé, acalmaremos os nossos corações e levaremos um dia mais leve. Mas o que podemos aprender com um BBB, além de fofocas, articulações duvidosas, atritos, desonestidade e rixas? Dê-me um bom atributo e revejo todas as linhas descritas até o presente momento.

O BBB se tornou o principal tópico em rodas de bate-papo e WhatsApp. Passou a ser o “puxador” de assunto. Experimente fazer do BBB um programa construtivo e analise o “despencar” de anúncios e Ibope. Já vivemos num Brasil tão polarizado, machucado e desacreditado por sua política. Feridas que não saram e fortalecem a desavença entre as pessoas. Por anos, também colocamos em nosso cardápio um programa que atira pessoas dentro de uma casa para se confrontarem, como se o episódio devesse ser uma rotina na vida real, um ensinamento básico.

Confesso que se o BBB não trouxesse retorno, que é o cerne para uma empresa, já estaria fora da grade de programação. Mas preciso acreditar que esse programa, o qual o seu apresentador chama os participantes de “guerreiros” e “guerreiras”, não faça parte do cotidiano de uma família brasileira. De fato, ele desconhece o significado da expressão “guerreiros”. O que ele deixaria para uma mãe que cuida sozinha de quatro filhos com um salário mínimo? Podemos ser mais que um BBB.​

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