Opinião
No "Alagoas" tem início o exílio
Por Sergio Cruz Lima
Presidente da Bibliotheca Pública Pelotense
[email protected]
No cais Pharoux encontra-se atracada a lancha do Arsenal de Guerra que conduzirá o imperador dom Pedro II e sua comitiva até o navio. Dos presentes, somente o marquês de Tamandaré declara que acompanhará a família imperial a bordo. A noite é chuvosa. Uma forte neblina envolve o local do embarque. A lancha bate nas ondas. É difícil achar o navio "Parnaíba". "Arrie a escada!", grita o coronel Mallet. "Quem vem lá? Quem manda arriar a escada?", perguntam do portaló. "Arrie a escada!", repete Mallet, com irritação. Enfim, a lancha atraca. Começa, então, o drama de passar da lancha para o navio. O imperador, doente e encanecido, apresenta dificuldade para andar; a imperatriz, claudicante e também ela doente, segue os seus passos, auxiliada pelo almirante Tamandaré; Isabel é ajudada pelo marido, o conde d´Eu. Todos a bordo, o coronel Mallet dá por encerrada a sua missão. Os prisioneiros ficam entregues à vigilância do "Parnaíba".
Dom Pedro é convidado a descer ao camarote. Não aceita. Prefere permanecer ao ar livre. No tombadilho coloca-se um toldo para protegê-lo da umidade da madrugada. Às 10h, chegam os meninos Pedro, Luís e Antônio, filhos da princesa Isabel, que se encontravam em Petrópolis. Agora estão todos reunidos. Descem, então, para o almoço. Os jovens oficiais de bordo fazem empenho para servi-los à mesa e nota-se em seus bonés o lugar da coroa que haviam arrancado na véspera. O imperador mantém a sua postura habitual, a imperatriz dificilmente contém a sua dor, a princesa Isabel lastima a ingratidão de seu amado Brasil. Ao meio-dia, o "Parnaíba" ganha o alto mar. Na Ilha Grande, que chegam ao cair do sol, antes de passar para bordo da nau "Alagoas", que os levará à Europa e ao exílio, é servido o jantar. Uma forte emoção se estampa na fisionomia de todos. Já é noite quando se instalam no "Alagoas". O comandante Pessoa recebe o imperador e destina-lhe o seu próprio camarote. Finalmente, cerca de uma hora da madrugada, o navio levanta ferros e lentamente inicia a sua rota. Segue-o, como homenagem, o encouraçado Riachuelo. Inicia-se o exílio.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário