Rubens Amador

O General Von Blomberg

Hitler não deixou de notar o ceticismo e a falta de entusiasmo dos generais por suas ideias, nos idos de 1933. Pensava renovar o exército, então considerado mal apetrechado, o que daria uma função de liderança no Reich Alemão, prometia Hitler. Mas esses propósitos eram recebidos com frieza. Os generais, apesar das promessas, mostravam-se descrentes. Persistente, Hitler concentrou-se na reforma do alto comando, trabalhando habilidosamente através de um de seus admiradores irrestritos, o General Von Blomberg, ministro da defesa.

Von Blomberg, era considerado notável soldado. Foi casado. Sua esposa Charlotte, faleceu à idade de apenas 43 anos. Blomberg representou Hitler na cerimônia da coroação do Rei George VI. O General tornara-se da maior confiança. Porém o General Keitel e esposa, muito ligados em atividades sociais, não compreendiam porque Blomberg se mantinha muito arredio ultimamente. É que o distinto oficial estava levando uma vida secreta. Desde 1934, que à noite ele vestia roupas civis, e ordenava ao seu motorista particular que o levasse a determinado local, e dava ordens para ser apanhado horas mais tarde. Após isto, desaparecia na noite. O viúvo estava em busca de aventuras amorosas. Durante essas escapadas, lá por 1937, ou mesmo pouco antes, conhecera uma jovem e atraente senhora chamada Margareth Gruhn, que tal como ele procurava novos relacionamentos.

O viúvo, quase sessentão, boa presença, ficou inteiramente perdido de paixão por essa mulher "experiente no amor" e resolveu casar-se. Presumivelmente sua namorada também estivesse apaixonada. Em dezembro de 1937 disse ao amigo e colega Keitel que achava que iria casar-se novamente, mas que sua amada era de origem humilde. Mais tarde descreveu a mãe da noiva, agora para Göring, como uma passadeira. Na verdade tratava-se de uma lavadeira. No mesmo mês indagou a Göring se ele não poderia tirar de cena um desagradável competidor à mão da moça. Göring, prestativo, garantiu-lhe que o homem seria bem pago e mandado para uma missão no exterior. Blomberg queria tudo: a experiência sexual da namorada, seu cargo, a reputação e o uniforme. Como nesta época estivesse muito íntimo de Hitler, para firmar-se, convidou-o, e à Göring, para serem padrinhos seus, que prontamente aceitaram. No dia 12 de janeiro de 1938, realizou-se o casamento com toda a pompa. Mas em duas semanas apenas desmorona a farsa. Margareth Gruhn, agora frau Von Blomberg, era muito conhecida da Delegacia de Costumes e fora antes condenada por posar nua para fotos pornográficas (o que por certo escondera do marido). Assim que soube de tudo, Hitler ficou furioso porque se sentiu logrado por um nobre. Em 27 de janeiro Blomberg foi exonerado por "motivos de saúde". À partir daí passou também a ser persona não grata na casa de Hitler.

Contudo, Hitler, para afastar o seu ministro dos murmúrios do povo, mandou-lhe dinheiro para que fizesse uma volta ao mundo. Blomberg, no começo de 1939, chamou Keitel, que era muito chegado a Hitler, e pediu-lhe para que intercedesse, pois estava disposto a romper o seu desastrado casamento e voltasse a ser nomeado para o antigo cargo. Naturalmente Hitler rejeitou o apelo, e disse à Keitel - indignado - que ele mesmo já tinha sugerido a Blomberg esta solução, mas que este a recusara. Com o colapso do Terceiro Reich em 1945, o antigo ministro da guerra foi preso pelos aliados. Em 14 de março de 1946, morreu em Nüremberg, onde estava internado, muito doente, escapando de uma forca quase certa. Seus dois filhos, que eram oficiais de valor, morreram no campo de batalha, "pelo Führer, o folk e a pátria", como dizia uma das estrofes de canção hitlerista que preparava os jovens para a guerra...e para a morte.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Para cada decisão, um universo de possibilidades

Próximo

Jean Genet, o "Santo"

Deixe seu comentário