Editorial
Oportunidade de fazer diferente
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem retornou ao principal gabinete do Palácio do Planalto e já enfrenta as primeiras críticas com relação à composição de seu governo. Mais do que naturais, os questionamentos e análises sobre as indicações para ministérios e postos de segundo e terceiro escalão indicam certo desapontamento com os rumos indicados até o momento.
Embora a eleição possa ser explicada por uma série de fatores que influenciaram nas decisões de eleitorados distintos, cada um com suas aspirações, é inegável que o petista conquistou sua terceira vitória nas urnas também devido ao cansaço da maioria da população brasileira no que diz respeito à forma como Jair Bolsonaro (PL) lidou com a escolha de seus assessores mais próximos. Ungido à Presidência sob o mote de tornar a administração pública mais profissional, minimizando partidos e escolhendo nomes tecnicamente mais preparados, ao longo do governo isso se mostrou distante da realidade. Mais: com perfil centralizador, o presidente passou ao largo do diálogo político necessário para a construção de uma gestão representativa de diferentes setores e pensamentos da sociedade.
Ao escolher Lula, a maioria dos cidadãos brasileiros deu o recado de que espera um governo de união, capaz de dirimir a divisão nacional acentuada ao longo dos últimos quatro anos e estabelecer relação respeitosa entre segmentos, partidos, pensamentos. O que não significa - importante ressaltar - aceitar o retorno a um passado baseado em loteamentos da máquina pública. Porém, os sinais deste momento na formação da futura gestão apontam para algo diferente. Não só pelo apetite do PT em assumir os principais ministérios e cargos, já causando desconforto em agremiações aliadas e que se uniram ao projeto lulista de recolocar o Brasil no rumo da normalidade democrática. Vide a mudança na Lei das Estatais com objetivo de abrir caminho para que Aloisio Mercadante, um dos coordenadores da campanha lulista, possa assumir de imediato o BNDES. Também próprios discursos de Lula, em diversas oportunidades, vão no sentido de olhar para o retrovisor, apontando artilharia ao ocupante do Planalto e seus eleitores, ao invés de olhar para frente e oferecer o que os brasileiros esperam: serenidade, paz e prevalência da política - e não do personalismo - na condução do País.
O futuro governo tem a oportunidade de fazer diferente não só em áreas críticas como economia, emprego, educação e meio ambiente. Precisa ser, fundamentalmente, aberto a aglutinar tanto internamente, dando espaços a quem pode colaborar, quanto externamente, apaziguando ânimos e arrefecendo o clima de beligerância.
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