José Luís Marasco C. Leite

Política e profecia

Por José Luís Marasco C. Leite


​Em todos os tempos, a Humanidade tem manifestado enorme inquietação ante o futuro. Os gregos consultavam os oráculos; a Idade Média, o clero; o Iluminismo, os filósofos; os Modernos, os cientistas.

Que sorte o futuro nos reserva? Para onde caminhamos? Que tendências são discerníveis em nossa História? Eis as perguntas que nos acompanham ao longo do tempo.

Aqueles que possuem interesses concretos em construir um “determinado futuro”, tendem a fazer previsões que, de certo modo, servem para alimentar a possibilidade real de que este futuro verdadeiramente aconteça. Não há compromisso, porém, de que a previsão efetivamente se concretize. Mesmo assim, enquanto for possível fazer pensar que ela possa ocorrer, há “lucros” que são auferidos com o engajamento à predição de multidões de fiéis e de seguidores.

A Política, sob certo aspecto, é um terreno onde os “profetas” possuem espaço para moverem-se, ainda que seus atores não sejam, todos eles, inspiradores do futuro.

Nela, anuncia-se o que deve vir e obtém-se a adesão _ muito pela crença _ dos que se comprometem a construir o novo (que, surpreendentemente, pode vir a ser o retorno ao passado).

O elemento mágico (e profético) da condução da vida política perdeu-se, entretanto, em grande parte, pela rotinização imposta pelos procedimentos democráticos. Certamente por isso, na vivência ordinária da normalidade democrática, as transformações se deem de forma lenta e com seguidos avanços e recuos.

Trata-se _ como quero expressar _ de um futuro que vai sendo construído sob experiências, com seguidas consultas à população sobre os rumos a tomar. Eis aí, certamente, a grande virtude da democracia como método: através dela não se produzem males irremediáveis; os caminhos sempre podem ser retraçados.

Fundamental, porém _ até para que não se ponha em risco o método _ é respeitar as regras do jogo democrático, corrigindo, o quanto se possa, as distorções que os procedimentos possam revelar.

Básico, pois, o respeito às instituições democráticas. São elas, afinal, que no eventual fracasso de uma determinada “profecia” serão utilizadas, com toda a legitimidade, por aqueles que alcancem, pela expressão da vontade popular, o direito de conduzir a sociedade por novo caminho.

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