Editorial
Por um mundo tecnológico sem exclusões
A matéria sobre vagas na Educação Infantil na edição de ontem do DP expõe uma dor que muitos sentem, mas pouco têm espaço para reclamar. Vivemos em um mundo cada vez mais tecnológico, onde a solução para tudo está na palma da mão. Ao natural, marcas, empresas e até o Poder Público se adaptam à realidade que veio para ficar, sem qualquer dúvida. No entanto, há que se lembrar que, apesar de massificado, o acesso ainda não é total e parte da população acaba penando pelas dificuldades de acesso em situações que são totalmente virtuais.
Neste caso, dois grupos são mais expostos: quem tem dificuldade de acesso por questões de renda, seja pela ausência de celular, computador, entre outros aparelhos que permitem acesso às plataformas, seja pela ausência de uma rede de internet decente. Situação que, em alguns rincões das zonas rurais da região, também se repete. Outro grupo bastante afetado é a população idosa, questão que já foi tema de reportagem do DP. Criados em um mundo analógico, muitos dos vovôs e vovós de hoje se adaptaram e tiram de letra o digital. No entanto, outros ainda padecem por incontáveis razões, que passam pela falta de oportunidade de aprendizado até a insegurança de lidar com uma área onde golpes e outras maquinações correm soltos.
Embora a transformação digital tenha vindo para ficar - e facilitar -, e quem bater contra isso estará dando murro em ponta de faca, é essencial que o mundo ainda olhe para aqueles que não têm o acesso ao virtual com tanta facilidade quanto se convencionou, felizmente, para a grande maioria da população. Situações como a de Michele da Silva, entrevistada por Cíntia Piegas e que relatou não ter conseguido matricular suas crianças por não ter wifi em casa e depender de vizinhos, se repetem aos montes, nesse e em outros tópicos. Boletos por e-mails, transmissão esportivas por infindáveis canais de streaming e até mesmo suporte de empresas acabaram migrando totalmente para o online. O problema é que as pessoas não.
É impossível nadar contra essa maré, mas volta e meia há que se parar e pensar nos outros que ainda precisam de uma ajudinha para se adaptar aos novos tempos. A inclusão digital foi tão benéfica para a sociedade, ver que ela se tornou também um aspecto de exclusão é entristecedor.
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