João Carlos M. Madail

Relação do Brasil com o "Brics"

João Carlos M. Madail
Economista, Professor, Pesquisador e Diretor da ACP
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O Brics é um bloco de países formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul instalado a partir da ideia formulada pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O'Neil, em estudo realizado em 2001 intitulado Building Better Global Economic. Os países que compõem o bloco possuem diversas características semelhantes em termos de extensão territorial, riqueza de matéria prima, disponibilidade de mão de obra barata - com destaque para a Índia que concentra 42% da população mundial e grande mercado interno. Mesmo que o Brasil não atue como o principal protagonista do bloco, papel desempenhado por China e Rússia, que controlam politicamente e economicamente o bloco, o Brasil tem sido beneficiado nas suas transações comerciais. Por se tratar de associação de países emergentes, torna-se uma plataforma para a promoção do comércio bilateral e multilateral entre seus membros, o que tem impulsionado o fluxo de bens e serviços.

A China, por exemplo, tem sido a principal parceira do Brasil por mais de 14 anos consecutivos. Nos últimos dez anos, as exportações para lá cresceram 56%, enquanto as importações do país asiático representam uma grande fatia do comércio importador brasileiro, onde os chineses tem se destacado na produção e distribuição de eletrônicos, têxteis, calçados e brinquedos. No ano de 2022, o valor total do comércio entre os dois países atingiu a marca de US$ 171,34 bilhões. As empresas brasileiras têm aproveitado as oportunidades de negócios com países do Brics, em função do tamanho e do potencial dessas economias emergentes. Com a Rússia, país rico em recursos naturais, especialmente petróleo, gás natural e minerais, as empresas brasileiras têm firmado parcerias em vários projetos. Com a Índia, país conhecido por sua indústria de Tecnologia da Informação (TI), tem sido possível explorar oportunidades de terceirização de serviços de software, desenvolvimento de aplicativos móveis e outras soluções de TI. Em vários outros setores como o farmacêutico, onde a Índia é um dos maiores produtores, ou exemplo na fabricação terceirizada, o Brasil tem sido beneficiado. Com a África do Sul, país rico em recursos minerais, incluindo ouro, platina, carvão e diamantes, onde as empresas brasileiras do setor de mineração podem investir em parcerias para a extração e processamento desses recursos.

A importância do bloco tem atraído o interesse de outros países no ingresso. Recentemente a Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes foram convidados para ingressar no Bloco. Estudiosos do tema entendem que o ingresso de novos países no bloco será positivo para o Brasil. A Argentina, por exemplo, grande parceira comercial do Brasil, o seu ingresso no bloco trará, certamente, ainda mais benefícios, assim como todos os países com os quais o Brasil mantém relações comerciais. No cenário econômico mundial, o Brics pode se tornar um dos principais blocos econômicos entre os atuais em execução, visto que tem sido responsável por quase 65% do crescimento do PIB mundial nos últimos anos, o que lhe proporciona um valor geopolítico cada vez mais avançado no cenário internacional.

O grupo dos Brics continua ativo e fortalecido no Governo Lula, que participou recentemente da 15ª Cúpula do Bloco na África do Sul, que ele ajudou a fundar. Um dos pilares do plano do atual governo para ampliar a influência do Brasil no Brics e no cenário mundial dos negócios é lutar pela redução da dependência global em relação ao dólar norte-americano nas transações comerciais. As previsões para o futuro do Brics são fortes e pode alcançar a metade do peso das seis economias mais fortes (EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão), já em 2025 e no máximo até 2040, se igualaria economicamente aos países até então dominantes.

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